Incêndio possivelmente criminoso em Bangladesh afetou maior campo de refugiados do mundo, deixando 12 mil desabrigados
A polícia de Bangladesh está investigando e buscando a causa de um grande incêndio que afetou um campo de refugiados rohingya, que fogem da perseguição e da limpeza étnica no país vizinho, Myanmar.
O incêndio aconteceu no município de Cox's Bazar, que fica no sudeste de Bangladesh, e deixou 12 mil refugiados desabrigados no último domingo, 5. Não houve fatalidades, mas 2 mil abrigos foram destruídos porque o fogo se espalhou velozmente pelos cilindros de gás de cozinha das casas improvisadas, segundo a BBC Brasil.
A polícia local deteu um homem, e busca investigar se o incêndio foi acidental ou um ato de sabotagem e perseguição, atacando aquele que é possivelmente o maior acampamento de refugiados do mundo, com 1 milhão de habitantes. Desses, a maioria são do grupo muçulmano minoritário rohingya.
No domingo, o incêndio começou no início da tarde, por volta de 14h45 no horário local. O fogo destruiu abrigos de bambu e de lona. Depois de 3 horas, o incêndio conseguiu ser controlado, mas já havia queimado 2 mil abrigos, 35 mesquitas e 21 centros de aprendizagem.
Em entrevista à BBC, Hrusikesh Harichandan, que trabalha na Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, afirmou que locais que ofereciam serviços básicos, como centros de abastecimento de água, também foram afetados pelo fogo.
As condições de lotação acima dos limites do campo fazem com que seja difícil realocar os 12 mil refugiados desabrigados, como explica Hardin Lang, da agência humanitária Refugees International, à BBC.
Os rohingya são um grupo étnico minoritário de Myanmar, muçulmanos em um país de maioria budista e perseguidos por isso. A repressão militar contra a minoria é tão grande que, em 2017, a ONU afirmou que os rohingya estavam sendo vítimas de limpeza étnica. Muitos deles fugiram para o país vizinho, Bangladesh, especialmente a partir de 2017.