Obra não assinada representando antigo príncipe africano foi descoberta recentemente como criação do pintor austríaco Gustav Klimt; entenda!
Publicado em 26/03/2025, às 09h31
Um dos maiores representantes do movimento da Art Nouveau, o pintor austríaco Gustav Klimt ficou conhecido principalmente por obras como 'O Beijo' e 'Retrato de Adele Bloch-Bauer'. E recentemente uma pintura não assinada foi atribuída a ele, sendo uma curiosa representação de um príncipe africano.
Cerca de 11 anos antes de criar 'O Beijo', Klimt fez um retrato de um príncipe do povo Ga, da África Ocidental (atual Gana), William Nii Nortey Dowuona. Criada em 1897, a pintura agora está exposta na Feira Europeia de Belas Artes, na Holanda, e seu valor está estimado em US$ 16 milhões (mais de R$ 91 milhões, na cotação atual).
Os proprietários da tela buscaram recentemente uma galeria em Viena, buscando uma possível confirmação de que aquele seria mesmo um trabalho de Klimt. "Não era possível imaginar que se tratava de um Klimt; estava muito sujo", afirmou ao Washington Post o coproprietário da galeria Wienerroither & Kohlbacher, Lui Wienerroither.
A obra de Klimt foi criada em 1897 e, poucos anos após a morte do artista, em 1923, foi leiloada. Desde então, ela passou de mão em mão até que, na década de 1950, chegou à coleção particular que está até hoje.
A equipe que investigou a pintura descobriu que, de fato, ela era um trabalho original do austríaco, o que foi reforçado por um forte indício de sua autoria: o tema floral no fundo do retrato, comum a várias das primeiras obras de Klimt.
Segundo a Revista Galileu, a pintura foi feita no contexto de uma visita de Klimt a um zoológico de Viena. Na época, não era incomum que acontecessem exposições de pessoas, como as "mostras etnográficas" chamadas de Völkerschau, que eram populares na Europa durante os séculos 19 e 20. Durante seis meses, o príncipe e outros membros de sua tribo ficaram ali expostos.
Elas eram usadas e exploradas, e em um contexto em que, na verdade, tratava-se quase de afirmar a superioridade da raça branca sobre o resto do mundo", explica a historiadora da Escola de Estudos Orientais e Africanos em Londres, Marie Rodet.
Sobre essa obra de Klimt em particular, acredita-se que um mecenas encomendou o retrato do príncipe africano a dois artistas, Franz Matsch e Gustav Klimt, mas acabou ficando com a obra do primeiro, que o retratou de frente e com um fundo verde sólido — diferente de Klimt, que fez o homem de perfil e em um fundo floral.