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Notícias / Mundo Animal

O motivo por trás da extinção iminente de espécies na Nova Zelândia

Novo relatório do governo local traça panorama preocupante para o meio ambiente, revelando riscos significativos à biodiversidade

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 08/04/2025, às 18h40

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Cácapo, papagaio raro da fauna neozelandesa - New Zealand Department of Conservation
Cácapo, papagaio raro da fauna neozelandesa - New Zealand Department of Conservation

Um novo relatório do governo da Nova Zelândia traça um panorama preocupante para o meio ambiente do país, revelando riscos significativos à biodiversidade nativa e à qualidade da água, ao mesmo tempo em que registra avanços modestos na qualidade do ar.

A publicação “Nosso Meio Ambiente 2025”, divulgada pelo ministério do setor, compila dados e pesquisas dos últimos três anos em cinco áreas principais: ar, atmosfera e clima, água doce, terra e mar.

As conclusões, segundo o secretário do meio ambiente, James Palmer, apresentam uma “mistura de coisas”, com alertas graves, mas também razões para algum otimismo.

“O relatório destaca riscos reais para pessoas, comunidades e lugares, que, se não forem abordados, ameaçam nossos meios de subsistência e qualidade de vida para as futuras gerações”, afirmou Palmer ao The Guardian. “Mas também mostra que podemos fazer a diferença.”

Riscos

Entre os dados mais alarmantes, está a situação da fauna nativa. Atualmente, 76% dos peixes de água doce, 68% das aves de água doce, 78% das aves terrestres, 93% dos sapos e 94% dos répteis estão ameaçados de extinção ou em risco de se tornarem ameaçados.

O relatório ressalta que a Nova Zelândia tem uma das maiores proporções de espécies em risco no mundo, devido à combinação de fatores como uso intensivo da terra, espécies invasoras, poluição e mudanças climáticas.

A qualidade da água doce também está em declínio. Análises em mais de mil pontos de monitoramento de águas subterrâneas entre 2019 e 2024 revelaram que quase metade registrou níveis de E. coli acima do permitido para consumo humano em pelo menos uma ocasião.

A bactéria, associada à contaminação por fezes humanas e animais, é reflexo direto da intensificação da agricultura e da urbanização. Além disso, há acúmulo de nitrato nas águas subterrâneas, agravando a poluição e afetando ecossistemas de superfície.

Para o pesquisador Mike Joy, da Victoria University of Wellington, o relatório desmonta a imagem tradicional de um país “limpo e verde”. “Ele revela claramente a falácia desse rótulo e a necessidade urgente de ações mais firmes do governo”, declarou ao The Guardian.

Outro problema ambiental destacado é o avanço das plantas invasoras, em especial as coníferas selvagens, que já ocupam cerca de 2 milhões de hectares e avançam a uma taxa de 90 mil hectares por ano.

Sem controle, essas árvores exóticas podem invadir até um quarto do território neozelandês nas próximas três décadas, atingindo principalmente áreas de conservação.

O relatório também reforça os riscos crescentes associados à crise climática. Com eventos extremos mais frequentes, como o ciclone Gabrielle em 2023, cerca de 750 mil pessoas e 500 mil edifícios já se encontram em áreas vulneráveis a inundações.

Comunidades costeiras, regiões baixas e zonas rurais enfrentam ainda riscos de elevação do nível do mar e incêndios florestais.

Apesar do cenário desafiador, o estudo aponta sinais positivos. A qualidade do ar melhorou, impulsionada por regulamentações mais rígidas, adoção de veículos de baixa emissão e melhorias em motores e combustíveis.

Para Palmer, essas mudanças mostram que escolhas individuais e políticas públicas podem ter efeitos reais: “Estamos vendo melhorias significativas, e isso pode se traduzir em ganhos para a saúde pública”, disse ao jornal.

Segundo ele, o momento exige decisões difíceis: “Teremos que fazer escolhas prioritárias como país, sobre onde investir nossos esforços e nossos limitados recursos. Mas podemos aproveitar o progresso já iniciado e fazer mais.”