Para explicar a questão, a Igreja Católica se baseia mais na história do que na doutrina; entenda!
Publicado em 08/03/2023, às 18h00 - Atualizado em 14/04/2023, às 10h37
Jorge Mario Bergoglio, mais conhecido como papa Francisco, foi eleito para o cargo mais importante da Igreja Católica em 13 de março de 2013. Francisco é a 266ª pessoa a ocupar tal cargo. Além disso, o pontífice é o primeiro entre eles nascido na América, mais precisamente na Argentina, em 17 de dezembro de 1936.
Em todos esses anos, a Igreja Católica já teve papas italianos, franceses, poloneses, africanos, alguns até mesmo acusados de envolvimento com o nazismo, enfim… entretanto, nunca nenhum deles foi uma mulher. O motivo é baseado na história e não na doutrina. Entenda!
O papel importante das mulheres na sociedade é inegável, mas qual o motivo delas não terem 'representatividade' dentro da Igreja Católica? Afinal, elas não possuem chance alguma em se tornarem papas, por exemplo.
Segundo matéria da Live Science, o motivo é baseado na história e não tanto na doutrina católica. Em 1455, o papa Calixto III foi o último não sacerdote a ser escolhido como papa. Já o último sacerdote eleito que não era cardeal foi Urbano VI.
Mas uma mulher é impedida de se tornar papa, porque a pessoa escolhida para o cargo teria que ser ordenada — e as mulheres são proibidas de se tornarem padres, explica o reverendo Thomas Reese, então diretor do programa de religião e políticas públicas da Universidade de Georgetown, ao Live Science.
Conforme diz Reese, seguindo o catecismo da Igreja Católica, Jesus Cristo escolheu 12 homens para serem seus apóstolos. Estes, por sua vez, escolheram outros homens para darem continuidade a seu ministério. Portanto, a Igreja Católica se apega a isso.
"Mesmo que o papa atual fosse a pessoa mais feminista que você poderia conhecer e acreditasse que as mulheres deveriam ser padres, eles querem ser fiéis ao que veem como as intenções de Jesus", explica Michele Dillon, socióloga da Universidade de New Hampshire, que estuda cultura na América.
Dillion explica que, seguindo essa lógica, "se Jesus quisesse que as mulheres fossem sacerdotes, ele as teria chamado para serem suas apóstolas".
Além disso, outro obstáculo, aponta a socióloga, é a noção de que, quando é feito uma missa (na qual os católicos acreditam que o pão e o vinho se tornam o corpo e o sangue de Jesus), os padres estão recitando as declarações de Jesus na Última Ceia, quando ele disse "faça isso em memória de mim".
Eles querem que isso seja imitado no corpo físico de um homem", aponta Dillon.
A Igreja Católica também diz que não pode ordenar mulheres, porque é uma tradição estabelecida há muito tempo, ainda que muitos católicos apoiem a ideia de permitir que as mulheres sejam ordenadas. "As chances de que a igreja mude sua postura são pequenas", aponta.
O assunto, obviamente, não é recente, mas ganhou uma discussão mais atual durante o papado de João Paulo II, que não só reafirmou a proibição como disse que tal discussão pública só demonstra uma falta de respeito pela tradição católica.
Em meados de 2013, pouco antes de renunciar, Bento 16corroborou com a posição. No verão daquele ano, a Igreja Católica repreendeu uma proeminente conferência de mulheres católicas, chamada Conferência de Liderança de Mulheres Religiosas, por não ser suficientemente forte em sua condenação à ideia, resgatou a socióloga.
Portanto, não é nem mesmo uma questão para diálogo”, afirma.
O Live Science, porém, aponta que nos últimos anos, alguns teólogos argumentaram que as mulheres deveriam ser ordenadas, dizendo que a alegação de que Jesus escolheu apóstolos do sexo masculino não se sustenta em apoiar as mulheres sendo banidas do sacerdócio.
Afinal, só porque os apóstolos eram pescadores judeus, isso não significa que os sacerdotes devem ser pescadores judeus. Outro argumento mostrado é de que Jesus também se cercou de mulheres que tiveram um papel muito importante em seu ministério.
Por fim, a socióloga Michele Dillon aponta que, por tudo isso já fazer parte da doutrina oficial da Igreja Católica, uma mudança de postura seria um processo longo e envolvendo a reunião entre o papa e um grupo de bispos, cardeais e líderes leigos para discutir o assunto.
As chances disso acontecer são muito, muito mínimas", crava.