Tatiane Freitas dos Santos, de 42 anos, passou cinco anos convivendo com dores intensas e diagnósticos equivocados sobre um caroço pulsante no abdômen
Tatiane Freitas dos Santos, de 42 anos, passou cinco anos convivendo com dores intensas e diagnósticos equivocados sobre um caroço pulsante no abdômen. Durante esse período, médicos sugeriram que ela poderia ter uma isquemia intestinal, um acúmulo de gordura ou até mesmo um tumor.
A resposta veio apenas em março de 2025: tratava-se de uma compressa cirúrgica de aproximadamente 15 centímetros, esquecida durante a cesárea realizada em janeiro de 2020 no Hospital da Luz, da rede Amil, em São Paulo.
Desde o parto, Tatiane relatava desconfortos, mas as enfermeiras atribuíam os sintomas ao processo natural de recuperação. "A todo momento eu reclamava e as enfermeiras falavam: 'Mãezinha, é normal, são os órgãos voltando para o lugar'”, contou em entrevista ao g1.
Em casa, a dor persistia, impedindo-a de segurar o filho no colo sem apoio de um travesseiro. Com a chegada da pandemia de Covid-19, o sistema de saúde ficou sobrecarregado, e ela adiou a busca por atendimento.
Somente anos depois, ao perceber que o caroço continuava pulsando, Tatiane iniciou uma série de consultas médicas. Exames de imagem revelaram um “corpo estranho” encapsulado pelo próprio organismo como mecanismo de defesa.
A descoberta gerou um novo desafio: encontrar um cirurgião disposto a realizar a remoção. O hospital onde ocorreu a cesárea apresentou resistência, dificultando a marcação do procedimento, repercute o g1.
Diante da negativa, a cabeleireira entrou na Justiça contra a Amil e o Hospital da Luz, solicitando urgência na retirada do objeto, cobertura dos custos médicos e indenização por danos morais e materiais.
Em dezembro de 2024, o Tribunal de Justiça concedeu uma liminar determinando a cirurgia, reconhecendo o risco à saúde de Tatiane. No entanto, mesmo com a decisão judicial, o hospital e o plano de saúde adiaram providências, alegando falta de documentação ou pendências no setor jurídico.
A situação só começou a se resolver quando ela formalizou uma reclamação na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Em poucos dias, a Amil entrou em contato e finalmente autorizou o procedimento. Conforme informou o g1, a cirurgia aconteceu em março de 2025, encerrando anos de sofrimento e incerteza.
Tatiane agora aguarda a decisão judicial sobre a indenização, mas o impacto do erro médico vai além das questões legais. Além das dores e do desgaste emocional, ela contou que sente que sua maternidade foi prejudicada, pois passou anos sem poder dar ao filho os cuidados que desejava. Além disso, por recomendação médica, precisará esperar ao menos um ano para avaliar a possibilidade de uma nova gravidez.