Empresa de biotecnologia dos EUA recriou três filhotes do predador pré-histórico extinto há 12.500 anos usando DNA fóssil, clonagem e edição genética
Uma espécie de predador que dominava a América do Norte há mais de 12 mil anos está de volta. Em um anúncio surpreendente, a Colossal Biosciences, empresa de biotecnologia com sede em Dallas, revelou na última segunda-feira, 7, a criação dos primeiros filhotes de lobo-terrível desde sua extinção, ocorrida há cerca de 12.500 anos.
O feito marca a primeira vez que um animal extinto é trazido de volta com sucesso à vida, segundo a companhia.
Com base em DNA extraído de fósseis milenares — um dente com 13 mil anos e um crânio de 72 mil — os cientistas conseguiram reconstruir o genoma do Aenocyon dirus, espécie que inspirou os imponentes lobos da série 'Game of Thrones'.
O material genético foi comparado com o de lobos modernos e outros canídeos, como chacais e raposas, para identificar os traços genéticos únicos da espécie extinta, como mandíbula robusta, pelagem espessa e clara, e uma cabeça mais larga.
Utilizando a tecnologia de edição genética CRISPR, a equipe alterou 14 genes do lobo-cinzento — parente mais próximo do lobo-terrível — em 20 pontos específicos, criando assim um genoma híbrido. As células modificadas foram então clonadas e implantadas em óvulos de cães grandes e mestiços, que serviram como mães de aluguel para a gestação interespécies.
O resultado: três filhotes saudáveis nasceram — dois machos em 1º de outubro de 2024 e uma fêmea em 30 de janeiro de 2025. Atualmente, eles vivem em uma instalação de 809 hectares especialmente construída para sua proteção e observação, com cercas de 3 metros de altura, vigilância por drones e câmeras, além de certificação da American Humane Society.
Este marco massivo é o primeiro de muitos exemplos que demonstram que nossa tecnologia de desextinção funciona", celebrou Ben Lamm, cofundador e CEO da Colossal Biosciences, em um comunicado.
Segundo a CNN, a empresa vinha se dedicando à "ressurreição" de animais icônicos como o mamute-lanoso, o dodô e o tigre-da-tasmânia desde 2021, mas o trabalho com os lobos-terríveis era mantido em sigilo até agora. Para os especialistas envolvidos, a discussão sobre se os novos animais podem ser considerados verdadeiros lobos-terríveis ainda está aberta, já que o DNA editado é 99,9% idêntico ao do lobo-cinzento.
"Quantos genes precisam ser alterados para recriar um lobo-terrível? Essa é uma questão filosófica", pontua Love Dalén, professor de genômica evolutiva da Universidade de Estocolmo e consultor da Colossal, à CNN.