Pedras teriam sido sacrificadas por população de uma pequena ilha no Mar Báltico a fim de garantir a continuidade do sol e o sucesso das colheitas
Um novo estudo sugere que uma erupção vulcânica ocorrida em 2910 a.C. pode ter levado povos neolíticos de uma pequena ilha no Mar Báltico a enterrar centenas de pedras decoradas com imagens do sol e de plantas. A pesquisa, liderada por arqueólogos, aponta que essas pedras, conhecidas como "pedras do sol", podem ter sido sacrificadas para garantir a continuidade do sol e o sucesso das colheitas.
Publicado na revista Antiquity em 16 de janeiro, o estudo detalha a descoberta de 614 placas e fragmentos de pedra na ilha dinamarquesa de Bornholm, localizada ao sul da Suécia. As pedras foram encontradas espalhadas em uma vala de paliçada e datadas por meio de análises de cerâmica e carvão próximos, que indicam que foram depositadas por volta de 2900 a.C.
De acordo com o portal Live Science, a maioria das pedras foi feita de xisto preto, abundante na ilha, enquanto algumas foram confeccionadas com quartzo e sílex. Todas apresentam incisões, incluindo representações de motivos solares e vegetais.
Embora algumas dessas pedras já tenham sido encontradas anteriormente em Bornholm, o grande número em um único local despertou o interesse dos pesquisadores.
Segundo o arqueólogo Rune Iversen, da Universidade de Copenhague, essas pedras refletem o papel central do sol nas culturas agrícolas primitivas do norte da Europa. "Provavelmente, foram sacrificadas para garantir o sol e o crescimento", afirmou em um comunicado.
O depósito das pedras parece ter ocorrido em um momento crítico, pois logo depois a área foi transformada em um local fortificado. Os pesquisadores sugerem que o sacrifício pode ter sido uma resposta a um desastre natural, como a erupção vulcânica em 2910 a.C., que teria afetado o clima e comprometido as colheitas em todo o Hemisfério Norte.
"Esses depoimentos podem ter sido feitos durante um período de estresse com o objetivo de trazer de volta o sol e restabelecer a produção agrícola", escreveram os autores. "Eles também poderiam ter sido feitos quando a crise climática acabou, como um ato de celebração pelo retorno do sol."
Após o enterro das pedras, Bornholm testemunhou mudanças significativas. Os povos neolíticos abandonaram a construção de tumbas monumentais, passaram a criar assentamentos fortificados e estabeleceram novas conexões sociais na Escandinávia. No entanto, o papel do sol como símbolo essencial permaneceu, já que ele era vital para a agricultura dessas comunidades.
"É simplesmente uma descoberta incrível, que demonstra que as deposições em homenagem ao sol são um fenômeno antigo, que encontramos novamente no sul da Escandinávia durante o desastre climático causado por uma erupção vulcânica no ano 536 dC", comentou Lasse Vilien Sørensen, coautor do estudo e arqueólogo do Museu Nacional da Dinamarca.
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