Nova pesquisa revela que o monumento de Rujm el-Hiri se deslocou devido à atividade tectônica ao longo dos milênios e descarta teoria sobre seu uso
Nas Colinas de Golã, área conquistada por Israel da Síria durante a Guerra dos Seis Dias, existe o famoso monumento de Rujm el-Hiri, conhecido como o 'Stonehenge do Oriente Médio', que foi construído há cerca de 5 mil anos.
Apesar de décadas de pesquisas, especialistas ainda tentam entender o verdadeiro propósito do enigmático círculo gigante de pedras, com quase 150 metros de diâmetro. Mas um estudo revelou algo inédito sobre o monumento: ele se deslocou dezenas de metros desde que foi erguido.
Um estudo recente, publicado no periódico Remote Sensing, avaliou imagens de satélite do monumento e refutou a teoria de que ele poderia ter sido usado como um observatório astronômico nos tempos antigos.
Além disso, a pesquisa notou que a enorme estrutura de pedra se afastou dezenas de metros, de forma gradual, de seu local original, devido à atividade tectônica — que se movem pouco menos de uma polegada (2,54 centímetros) por ano. A diferença pode parecer irrisória, mas esse pequeno movimento pode ter se acumulado significativamente ao longo de milênios, disseram os pesquisadores.
"A análise mostra que, como toda a região girou ao longo do tempo, a localização do Rujm el-Hiri mudou de sua posição original por dezenas de metros ao longo dos milhares de anos de existência do objeto", disseram eles, repercute o The Independent.
Isso implica que os eixos primários de Rujm el-Hiri giraram ao longo do tempo junto com toda a região, lançando dúvidas significativas sobre a teoria popular de que Rujm el-Hiri era um observatório."
Para isso, os pesquisadores redesenharam o mapa do céu e alinharam as direções de eventos cósmicos (como solstícios e equinócios), bem como as posições de corpos celestes (como Sirius), conforme teriam aparecido entre 3.500 a.C. e 2.500 a.C., e as compararam com a estrutura atual do monumento. Assim, a análise descobriu que o alinhamento dos portões e paredes radiais do monumento durante esse período histórico era "totalmente diferente do atual".
Outro ponto que foi explorado a partir das imagens de satélite é que Rujm el-Hiri é muito mais amplo do que se imaginava. Com montes funerários, muros de pedra lineares e cercas circulares "semelhantes a flores" em um raio de 30 km da estrutura. Isso mostra que o monumento não é uma relíquia isolada, mas parte de uma rede complexa de estruturas antigas.
Originalmente, a estrutura antiga consiste em 42 mil rochas de basalto, de até 2,5 metros de altura, organizadas em círculos concêntricos junto de estruturas menores que compartilham princípios de design semelhantes. Ela tem um círculo externo abrangendo 150 metros.
Isso envolveu adicionar novos recursos, construir muros sobre os mais antigos e remodelar a paisagem com novos objetos", observaram os pesquisadores.
Grande parte dos objetos identificados da estrutura de Rujm el-Hiri foram construídos em dois períodos distintos: as paredes grossas ao longo dos riachos e círculos de grande escala foram provavelmente construídas entre 5.000 e 4.500 a.C.; enquanto os montes funerários, cercas em forma de flores e paredes lineares finas surgiram entre 4.000 e 2.200 a.C., apontas os estudiosos.
"Mais pesquisas, incluindo escavações de características selecionadas, incluindo talvez Rujm el-Hiri, são necessárias para resolver essa linha do tempo".
Assim, estudos futuros serão primordiais para entender a origem dessa tradição de construção, além de ajudar na compreensão das razões por trás do verdadeiro uso do monumento.
Por fim, a análise mais recente das imagens por satélite também sugeriram que a atividade tectônica girou a paisagem próxima no sentido anti-horário depois que Rujm el-Hiri foi construído. O que pode significar que seu posicionamento atual não oferece nenhum alinhamento astronômico válido.
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