Navio naufragado do século 15 revela mais sobre técnicas de construção de embarcações na região do Mar Báltico no passado; veja modelo digital 3D!
Publicado em 26/02/2025, às 13h30
Recentemente, um naufrágio do século 15 encontrado entre Häringe e Landfjärden, a cerca de 40 quilômetros ao sul de Estocolmo, na Suécia, foi identificado como sendo o mais antigo navio carvel conhecido no Mar Báltico. A partir de tecnologias modernas, pesquisadores escanearam a descoberta e criaram um modelo digital em 3D do naufrágio.
Segundo arqueólogos marítimos do Museu Vrak (Museu dos Naufrágios), a embarcação data de uma época em que os navios eram, em sua maioria, construídos a partir da técnica clinker, com tábuas sobrepostas, em vez da técnica carvel, com as tábuas unidas borda a borda.
A técnica de carvel foi importante pois permitiu a fabricação de navios maiores e ainda mais robustos, o que, defendem alguns pesquisadores, foi uma resposta à introdução de canhões a bordo de embarcações do século 15. Por isso, foram necessárias maior estabilidade e durabilidade nas embarcações, com cascos capazes de suportar disparos inimigos.
Conforme repercute a Revista Galileu, a embarcação em questão era parte de um conjunto de naufrágios que já era documentado desde o início do século 19, com especulações de que eram navios vikings que afundaram durante uma batalha envolvendo Olaf, o Santo, que foi rei da Noruega.
A saga islandesa 'A História do Rei Olaf', escrita no século 13, descreve que o padrasto de Olaf, Sigurd Syr, teria enfrentado e derrotado o chefe viking Sote em Soteskär, nas chamadas "ilhas suecas". Porém, historicamente, a localização da batalha nunca foi registrada de fato, e por isso, com o tempo, historiadores e escritores começaram a associar a batalha à ilha de Södertörn — o que inclusive reforçava a teoria de que seriam navios vikings.
Na década de 1950, o arqueólogo amador sueco Anders Franzén mergulhou nos destroços, e afirmou que as dimensões dos naufrágios coincidiam com as de outros navios vikings preservados em Oslo, na Noruega. Porém, esses destroços nunca foram recuperados de fato, e sua origem permaneceu incerta.
Até que mais recentemente, em 2023, arqueólogos marítimos utilizaram de técnicas modernas para investigar os naufrágios, e se surpreenderam ao constatar que nenhum deles correspondia à era viking. Enquanto os vikings faziam navios clinker, todos os destroços eram carvel.
Graças às tecnologias empregadas, os pesquisadores descobriram o que foi chamado de "Naufrágio 5", o maior e mais bem preservado entre os achados. Com 33 metros de comprimento e 10 metros de largura, ele ainda preservava seu estaleiro e leme, enquanto o mastro principal foi cortado grosseiramente. O "Naufrágio 5" pode ser observado em modelo 3D clicando aqui.
Uma primeira tentativa de analisar o naufrágio falhou, mas amostras examinadas mais recentemente por especialistas da Universidade de Lund confirmaram que a madeira ali utilizada foi derrubada entre 1460 e 1480. Além disso, o material foi identificado como originário de regiões ao sul da Suécia, como Möre ou Blekinge.
Agora, os arqueólogos pretendem concluir o estudo sobre o ambiente marítimo onde foi feita a descoberta, para tornar, eventualmente, o "Naufrágio 5" em um projeto de pesquisa independente.
"Planejamos solicitar financiamento externo para uma escavação", aponta em comunicado o curador do Museu dos Naufrágios e líder do projeto, Håkan Altrock. "Este navio representa uma fascinante ligação entre a construção naval medieval e moderna. Ele tem o potencial de nos fornecer novos insights sobre um período importante da história marítima da Suécia".