Em junho, descoberta de que partes de corpos doados para estudo na Escola de Medicina de Harvard eram vendidas levou universidade a julgamento nos EUA
No ano passado, a Universidade de Harvard se viu em meio a uma polêmica, em que familiares de pessoas cujos corpos foram doados à instituição para estudo processaram-na, alegando "má-gestão" de corpos. Isso porque foi descoberto um esquema em que Cedric Lodge, ex-gerente do necrotério de Harvard, uma das mais renomadas universidades do mundo, vendia ilegalmente partes dos mortos para benefício próprio.
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No entanto, na última segunda-feira, 12, as ações judiciais foram encerradas por Kenneth Salinger, juiz do Tribunal Superior do Condado de Suffolk, em Boston, que decidiu que elas não alegavam plausivelmente que a Escola de Medicina de Harvard (HMS, na sigla em inglês) teria agido de má-fé no tratamento dos cadáveres. Além disso, a instituição também não seria legalmente responsável pela conduta de Lodge.
Pelo contrário, o esquema de Lodge foi supostamente realizado apenas para ganho pessoal e não poderia, de forma alguma, ter beneficiado a HMS ou promovido seus interesses", afirmou Salinger na decisão.
Durante a decisão, o juiz alegou que as famílias que acusaram a instituição não apresentaram alegações que, mesmo que comprovadas, poderiam superar a imunidade de Harvard no que se refere à Lei Uniforme de Doação Anatômica do estado. Além disso, ele também rejeitou as alegações contra dois funcionários que administravam o programa de doação anatômica, Mark Cicchetti e Tracey Fay.
Ainda assim, a advogada das famílias dos mortos, Kathryn Barnett, prometeu que entraria com recurso no caso. "Essas famílias tiveram que reviver o trauma de perder seus entes queridos muitas vezes, e acreditamos firmemente que elas merecem um dia no tribunal", disse em comunicado, segundo a Folha de S. Paulo.
Segundo os promotores do caso, entre 2018 e 2022, Lodge teria permitido a entrada de potenciais compradores no necrotério da Escola de Medicina de Harvard para que examinassem cadáveres e selecionassem quais partes comprariam. Esses compradores, por sua vez, muitas vezes revendiam essas partes de corpos.
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Além disso, Lodge também transportava restos roubados até sua casa, em New Hampshire, onde ele e sua esposa os vendiam para outras pessoas. Apesar disso, o casal se declarou inocente das acusações de conspiração e transporte interestadual de bens roubados — um julgamento para determinar o destino deles e de outros dois réus está previsto para acontecer em um tribunal federal em Williamsport, na Pensilvânia, no dia 1º de abril.