Vaso de bronze e cemitério de 2.000 anos perto de Cracóvia revelam conexões entre a Polônia e o Império Romano
Durante escavações recentes em Kazimierza Wielka, no sul da Polônia, arqueólogos desenterraram um conjunto raro e significativo de artefatos datados desde o período Neolítico até a Idade do Bronze.
Feita por pesquisadores da Universidade Jaguelônica de Cracóvia e da firma arqueológica Pryncypat, foram revelados 160 objetos, entre os quais se destaca um antigo cemitério datado do final do período pré-romano ao início do romano, aproximadamente entre o século I a.C. e o século II d.C.
Este cemitério apresentou uma diversidade de práticas funerárias, incluindo sepultamentos por inumação — onde corpos eram enterrados — e cremação. Foram identificadas 23 sepulturas de inumação e quatro de cremação.
Uma das sepulturas cremadas, descoberta em meados de agosto, chamou atenção por sua raridade e importância. Os restos cremados foram colocados em um recipiente romano de bronze, conhecido como situla, que funcionou como urna.
Descrito pela arqueóloga líder Joanna Zagórska-Telega como "quase intacto", o vaso apresentava detalhes intricados. A situla é uma descoberta extraordinária devido à sua raridade na Polônia; poucos exemplares foram encontrados com tal nível de preservação.
Este artefato, com outros bens funerários, oferece informações valiosas sobre as conexões culturais e comerciais entre a Polônia e o Império Romano naquela época.
As origens dos recipientes permanecem um tema de debate acadêmico. Atualmente, acredita-se que tais vasos foram produzidos em oficinas localizadas no norte da Itália ou nos Alpes orientais, sendo posteriormente comercializados para Barbaricum, região ao norte da fronteira romana que inclui a atual Polônia.
Segundo Zagórska-Telega, as formas iniciais desses vasos de bronze chegaram à área principalmente através do comércio com os celtas, que influenciaram grande parte da Europa Central nos últimos séculos a.C. A presença das situlas na região cultural Przeworsk sublinha essa conexão.
Com à urna de cremação foram encontrados artefatos que sugerem que o falecido era provavelmente um guerreiro masculino. Armas, incluindo uma espada, pontas de lança e acessórios de escudo, estavam próximos à urna.
Essas armas foram propositalmente dobradas e queimadas como parte dos ritos funerários, uma prática comum na cultura Przeworsk e em outros grupos que habitavam Barbaricum durante os últimos séculos a.C. e os primeiros séculos d.C.
Zagórska-Telega observou que a "destruição ritual das armas e seu sepultamento com o guerreiro falecido é característica da cultura Przeworsk", destacando a provável identidade do guerreiro.
Notavelmente, a descoberta fornece um raro exemplo de restos esqueléticos em uma cultura predominantemente adepta da cremação. Embora este fosse o método usual para os Przeworsk, algumas sepulturas continham esqueletos, possivelmente pertencentes a mulheres enterradas com ornamentos e vestimentas — uma variação incomum para essa cultura.
A situla de bronze e outros artefatos estão passando por análises adicionais para examinar a composição metálica do vaso e os ossos cremados dentro dele. Esses estudos buscam determinar mais detalhes sobre a fabricação da urna, bem como a idade e sexo do falecido. Contextualmente, acredita-se que o sepultamento date do século I a.C.
A descoberta atraiu significativa atenção devido à raridade das situlae na Polônia. De acordo com Kamil Sikora, porta-voz da Universidade Jaguelônica, apenas sete desses vasos foram encontrados nas áreas anteriormente habitadas pela cultura Przeworsk, dos quais apenas quatro foram utilizados como urnas.
Além disso, a situla de Kazimierza Wielka é uma das poucas encontradas em condições tão bem preservadas.
*Com informações do Archaeology News;