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Notícias / Arqueologia

Descoberta de sala do trono revela poderosa líder Moche no Peru

Pinturas e artefatos revelam papel de destaque de uma mulher na sociedade antiga, desafiando noções de gênero da cultura Moche

Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Éric Moreira Publicado em 30/09/2024, às 18h30 - Atualizado às 21h37

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Pintura de mulher no trono conversando com homem pássaro visto em pilar da sala do imaginário Moche - Reprodução/Paisajes Arqueológicos de Pañamarca
Pintura de mulher no trono conversando com homem pássaro visto em pilar da sala do imaginário Moche - Reprodução/Paisajes Arqueológicos de Pañamarca

Uma descoberta arqueológica no Peru está reescrevendo a história da antiga sociedade Moche. Em julho deste ano, pesquisadores que trabalham no sítio arqueológico de Pañamarca desvendaram uma sala do trono ricamente decorada, com pinturas que retratam uma poderosa líder feminina.

A sociedade Moche, que floresceu entre 350 e 850 d.C. nos vales costeiros do norte do Peru, é conhecida por suas elaboradas tumbas, arquitetura complexa e representações artísticas detalhadas. Pañamarca, o centro dessa cultura, tem sido objeto de estudo desde 2018, quando um projeto colaborativo entre pesquisadores peruanos e norte-americanos iniciou as investigações no local.

A "sala do imaginário moche", como a denominou a diretora do projeto, Jessica Ortiz Zevallos, é adornada com cenas que retratam uma mulher sentada em um trono, recebendo visitantes em cortejo. As pinturas, que cobrem paredes e pilares, associam essa figura feminina à lua, ao mar e às artes têxteis, sugerindo um papel de destaque na sociedade Moche.

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Pintura na sala do imaginário moche - Paisajes Arqueológicos de Pañamarca

Inicialmente, os pesquisadores consideraram a possibilidade de a mulher retratada ser uma figura mítica, como uma sacerdotisa ou deusa. No entanto, a análise de evidências físicas encontradas no trono, como erosão, restos de contas de pedra verde e até mesmo cabelo humano, reforça a hipótese de que se trata de uma pessoa real, uma líder de Pañamarca no século 7 d.C.

A descoberta dessa sala do trono desafia as noções tradicionais sobre os papéis de gênero na sociedade Moche. "Pañamarca segue nos surpreendendo", afirma Lisa Trever, professora de História da Arte da Universidade Columbia. "Não só pela inesgotável criatividade de seus pintores, mas também porque as obras estão mudando nossas expectativas sobre os papéis de gênero do antigo mundo moche."

Outra descoberta

Além da sala do trono, os arqueólogos também revelaram uma estrutura colossal, a Sala das Serpentes Entrelaçadas. Essa sala, com seus pilares decorados com seres mitológicos e representações de batalhas, oferece novas perspectivas sobre a vida ritual e social da comunidade Moche.

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Figura moche com corpo humano e traços de aranha - Paisajes Arqueológicos de Pañamarca

Apesar da importância dessas descobertas, as pinturas nas paredes de Pañamarca são extremamente frágeis e, por isso, ainda não estão abertas à visitação pública. No entanto, a equipe de pesquisa continua trabalhando para preservar e estudar esses tesouros arqueológicos, que estão reescrevendo a história de uma das civilizações mais fascinantes da América do Sul.