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Notícias / Múmias

DNA do queijo mais antigo do mundo é extraído de múmias da Idade do Bronze

Amostras que podem datar de até 3.600 anos atrás foram colhidas dos restos bem preservados encontrados dentro de um cemitério do povo Xiaohe

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 26/09/2024, às 11h00

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Múmia de onde a amostra de queijo foi tirada - Yimin Yang et al/Journal of Archaeological Science
Múmia de onde a amostra de queijo foi tirada - Yimin Yang et al/Journal of Archaeological Science

Pesquisadores conseguiram extrair com sucesso uma amostra de DNA do que pode ser o queijo mais antigo do mundo, datado de entre 3.300 e 3.600 anos atrás. Trata-se de uma amostra do queijo de kefir — uma espécie de queijo cremoso moderno. 

Além da importância da descoberta, o que chama a atenção do estudo foi o local onde o queijo foi encontrado: um cemitério chinês na Bacia de Tarim, no noroeste da China. O queijo estava presente em múmias da Idade do Bronze.

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Segundo a pesquisa publicada no periódico Cell, o produto lácteo estava espalhado ao redor das cabeças e pescoços de cadáveres bem preservados dentro de um cemitério do povo Xiaohe, que remetem ao período de mais de 2.000 a.C. A substância de cor branca já havia sido observada pela primeira vez há décadas, mas foi só recentemente que os pesquisadores confirmaram se tratar de queijo. 

Cientistas descobriram múmias de 3.600 anos acompanhadas de queijo kefir - Wenying Li

"Itens alimentares como queijo são extremamente difíceis de preservar ao longo de milhares de anos, o que torna esta uma oportunidade rara e valiosa", disse o pesquisador Qiaomei Fu, conforme repercutido pelo NY Post. 

Estudar o queijo antigo em grande detalhe pode nos ajudar a entender melhor a dieta e a cultura de nossos ancestrais", prosseguiu. 

DNA do queijo

O extrato mitocondrial — encontrado contendo DNA de vaca e cabra — foi retirado de três tumbas diferentes, oferecendo uma visão sobre as preferências culinárias dos Xiaohe. Nas amostras também foram encontradas as presenças de bactérias fúngicas compatíveis com grãos de kefir modernos, o que permitiu à equipe rastrear sua linhagem.

Uma delas em particular, a atual bactéria Lactobacillus (usada na fabricação de queijo), até então pensava-se ser uma cepa exclusiva das montanhas do Cáucaso, na Rússia — mas parece ter também se originado na China. O estudo também revela que a bactéria pode ter levado à estabilização da genética e melhorado a fermentação do leite ao longo do tempo.

Este é um estudo sem precedentes, que nos permite observar como uma bactéria evoluiu ao longo dos últimos 3.000 anos. Além disso, ao examinar produtos lácteos, ganhamos uma imagem mais clara da vida humana antiga e suas interações com o mundo", finalizou Fu.