Artefatos são datados da Idade do Ferro da Península Ibérica, e teriam sido enterrados em tesouro no passado
Após incêndios recentes na região de Peñamellera Baja, na Espanha, um pequeno deslizamento de terra deslocou parte do solo em direção a uma nascente. Porém, graças a isso, curiosos colares de ouro "ricamente decorados" foram encontrados.
Com um curioso formato em C, o primeiro colar foi encontrado por Sergio Narciandi, que trabalhava para uma empresa de abastecimento de água local, e descrito professor de arqueologia pré-histórica da Universidade da Cantábria, Pablo Arias. Pouco depois, com a ajuda de detectores de metais, outros arqueólogos e funcionários do Museu Arqueológico das Astúrias, um segundo objeto semelhante foi achado.
Uma inspeção dos objetos, baseada no estilo e técnica empregados em suas confecções, sugerem que ele tenha sido produzido por volta do ano 500 a.C., quando a região onde hoje se encontram Espanha e Portugal ainda vivia a Idade do Ferro. Além do mais, também é descrito que, mesmo com sinais de desgaste, é possível sugerir que elas tenham sido utilizadas por indivíduos de prestígio na sociedade.
O colar, com seu formato inusitado, é conhecido como torque, em referência aos formatos geralmente enrolados e também à forma como ele é confeccionado. Outros artefatos semelhantes já foram encontrados ao longo da Península Ibérica, com pesos que variam de um a quase dois quilogramas.
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Segundo o Live Science, os colares descobertos recentemente podem ter sido feitos por antigos povos celtas, que já trabalhavam com espirais de ouro enrolado. Além disso, Pablo Arias ainda acrescenta que os objetos podem ter sido, no passado, partes de um tesouro, "um esconderijo deliberado de objetos valiosos; um tipo de contexto muito frequente na Europa Atlântica durante as Idades do Bronze e do Ferro."
O pesquisador explica que, muito provavelmente, os colares foram enterrados na sepultura de alguém, ou mesmo dentro de um recipiente que, com o tempo, se decompôs — feito possivelmente de madeira ou couro. Agora, amostras do solo local estão sob análise para confirmar ou não a presença desses materiais.
É muito importante que as pessoas percebam que a importância arqueológica de uma descoberta [reside] mais no contexto do que no objeto em si", acrescenta Arias.
Isso porque o contexto em que um achado arqueológico do tipo pode ter se originado — ou mesmo o fato de ele ter sido enterrado como parte de um tesouro — pode evidenciar mais detalhes sobre aquela sociedade, além de sua cultura e artesanato.
Agora, os pesquisadores tentam descobrir a origem dos metais coletados para a confecção das joias, e entender como foram empregadas as técnicas para as confecções.