Fotógrafo italiano captou samurais em ação, na guerra civil que fez nascer o Japão moderno
Ninguém nunca vai ver uma foto de um cavaleiro ocidental. Mas de seus análogos no Japão, os samurais, elas existem em abundância. De fato, a primeira fotografia da história do Japão é de um de seus chefes, o daimiô (senhor feudal) Shimazu Nariakira, em 1857. Os Shimazu controlavam o Domínio de Satsuma, a ilha de Kyushu, ao sul do território principal do Japão, Honshu.
Os samurais acima respondiam a Shimazu Hisamitsu, irmão do primeiro fotografado, que controlou informalmente o clã após sua morte. A foto foi tirada pelo ítalo-britânico Felice Beato, um fotojornalista famoso por suas imagens do Oriente, que havia chegado ao Japão em 1863 e foi pego em meio à maior revolução da história do país.
Os personagens estão planejando uma batalha da Guerra de Boshin, em 1868 ou 1869. Foi uma revolta contra a modernização e ocidentalização do país conduzida pelo xogunato, para restabelecer o poder do Imperador.
Por mais de dois séculos, antes mesmo da consolidação do poder absoluto pela família Tokugawa, o imperador não mandava em nada. Era o xogum, espécie de ditador militar, quem controlava o destino do país. Os xoguns mantiveram o Japão fechado para o resto do mundo.
Mas tudo isso havia mudado em 1854, quando um navio americano abriu fogo na Baía de Edo (hoje Tóquio), demonstrando o perigo do atraso causado pelo fechamento. O xogum abriu o país – e isso tocou nos brios nacionalistas de samurais e seus senhores. A guerra foi paradoxal. Foi travada por samurais, mas com canhões, navios a vapor e fuzis de repetição.
Os tradicionalistas por trás do imperador venceram porque tinham mais armas modernas (note o samurai num uniforme ocidental). Antes mesmo do fim da guerra, o imperador empoderado pelos tradicionalistas abraçava a modernização ocidental. Em seu reinado, Meiji tornou o Japão uma potência industrial.