Desde o Brasil Império, diversos projetos para ligar Rio de Janeiro e Niterói eram desenvolvidos
Há quase 50 anos, as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói passaram finalmente a ser integradas, graças a construção da Ponte Presidente Costa e Silva — também conhecida como Ponte Rio-Niterói —, que teve sua inauguração em março de 1974.
No entanto, apesar de a construção da ponte ser relativamente recente, tendo iniciado em 1968, a ideia de um projeto que conectasse as duas cidades já era cogitada desde a época do Brasil Imperial.
O primeiro a cogitar uma conexão entre os dois municípios foi o imperador Dom Pedro II, por volta de 1875, que na época havia ficado encantado com as obras do metrô sobre o Rio Tâmisa, em Londres, na Inglaterra.
Logo, consultou engenheiros britânicos para se informar sobre a possibilidade de uma obra semelhante no fundo da Baía de Guanabara, que divide as cidades do Rio de Janeiro e Niterói.
Mesmo que diversos projetos tenham surgido na época para atender ao pedido de Dom Pedro II, infelizmente nenhum prosperou. Foi só no governo do presidente Artur da Costa e Silva, durante o período da ditadura militar, que o plano foi retomado e, finalmente, tirado do papel.
Entre os anos de 1902 e 1952, a ideia de uma conexão entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói foi amplamente discutida nos gabinetes dos palácios do Ingá e do Catete, além das rodas de políticos de ambas as cidades.
Na época, uma licitação para a obra até chegou a ser feita, mas a empresa vencedora acabou falindo, de forma que o projeto só foi retomado na década de 1960, durante o governo militar.
Segundo Francisco de Albuquerque, engenheiro e presidente do Círculo Monárquico de Niterói, foi o engenheiro ferroviário inglês Hamilton Lindsay-Bucknall quem recebeu a concessão de Dom Pedro II para a construção de um túnel ferroviário submarino, debaixo da Baía de Guanabara. O projeto indicava uma conexão entre o Flamengo, no Rio, e o Gragoatá, em Niterói.
No entanto, em paralelo ao projeto submarino de Hamilton existia a ideia da projeção de uma ponte ligando as duas cidades ao também engenheiro inglês, P.W.Barlow.
A ponte, por sua vez, ligaria a Ponta do Calabouço, no Rio, ao Gragoatá, no que era considerado até então o menor percurso entre os municípios — e impactou em diversos outros projetos até o que realmente veio a ser realizado.
Uma das mais inusitadas e ousadas ideias desenvolvidas, antes do projeto oficial da Ponte Presidente Costa e Silva, teria surgido na década de 1930, pelas mãos do arquiteto francês Leon D’Escoffier.
A obra idealizada pelo francês consistiria em um projeto colossal, com pistas de rolamento exclusivas para carros de passeio, veículos pesados, metrô e até garagem.
Além do mais, existiriam também cerca de 946 apartamentos, 996 lojas e dois cineteatros entre os pilares da gigantesca ponte, sem contar outros 102 elevadores, que desceriam até alguns metros abaixo do nível do mar.
Até o fim da primeira metade do século XX, praticamente todas as propostas de projetos consistiam em obras planejadas para mais de um tipo de transporte — sendo trem, carro, ônibus, metrô e até mesmo à pé, como informado pelo portal O Globo.
Essa característica demonstra não só a tentativa de conectar as cidades de Rio de Janeiro e Niterói, mas também de possibilitar a escolha de como transitar para a população.
Outro dos projetos interessantes para a construção de uma ponte data da década de 1920, e lembra bastante a famosa Golden Gate, que liga a cidade de São Francisco com Sausalito, na Califórnia, nos Estados Unidos.
A versão brasileira da ponte, por sua vez, seria construída entre a Praça Quinze, no Rio, e o Gragoatá — o que leva alguns historiadores a acreditar que a Avenida Almirante Barroso, no centro do Rio, teria sido planejada para integrar a ponte.
Em 1952 foi quando um projeto para criação de ponte entre as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói chegou mais perto de sair efetivamente do papel, durante o governo de Getúlio Vargas, antes do que aconteceu efetivamente durante o governo militar.
Naquele ano, a empresa francesa Études et Entreprises venceu um pleito de concorrência pública internacional para a construção de um túnel sob a Baía de Guanabara.
No entanto, a empresa francesa sofreu um revés financeiro e acabou falindo após vencer a disputa, o que a obrigou a abandonar o projeto. Assim, só no fim da década de 1960 a construção da hoje chamada Ponte Rio-Niterói foi iniciada, sendo um mérito do governo militar no Brasil.