Ainda que a linha de sucessão seja essencialmente hierárquica, alguém sem o sangue real poderia tornar-se um monarca?
Desde o princípio, uma das características mais marcantes da família real britânica é a sua curiosa linha de sucessão. Modificada a cada morte ou nascimento, ela dita quais serão os novos monarcas do Reino Unido logo que a Rainha Elizabeth II deixar o trono.
Acontece que Elizabeth II já está no poder há 69 anos. Quando abandonar a coroa, contudo, ela deverá passar seu título para seu primogênito, o príncipe Charles, que então repassará o trono para William, e enfim, a coroa será entregue ao pequeno George.
Uma dúvida, contudo, perdura há anos sobre a passagem de poder na monarquia britânica. Seria possível uma criança adotada assumir o trono do Reino Unido? Para a maioria dos especialistas, e segundo a lei da Inglaterra, a reposta é negativa.
Para a especialista em realeza britânica, Marlene Koenig, “É improvável que um membro da família real adote uma criança. É mais provável que adote um labrador retriever”. Por mais que a declaração seja polêmica, e um pouco assustadora, ela está mais perto da verdade do que se imagina.
Regras e tradições são uma das coisas que fazem a família real ser tão popular entre os britânicos. A ideia de que uma corte possa ser tão bem estruturada e organizada transmite uma atmosfera de respeito.
Assim acontece também com a transferência de poder. "Para ter direitos de sucessão, você precisa ser um descendente protestante da Eletress Sophia”, explica Koening. Isso nos leva para o século 18, quando a princesa Anne morreu e não deixou nenhum herdeiro para assumir seu lugar.
O trono, então, foi oficialmente passado para sua prima, Sofia de Hanover, que morreu subitamente dois meses antes de sua coroação. Sendo assim, seu filho mais velho, George I assumiu o poder, o que levou a linhagem que conhecemos hoje, com a rainhaVitória e Elizabeth II.
A tradição leva em consideração, principalmente, possíveis confrontos e disputas da coroa. O Ato de Acordo de 1701, selou essa regra de sucessão, que está em vigor até os dias de hoje.
No entanto, ainda há uma possibilidade, mesmo que pequena, que num futuro distante a família real adote uma criança, mas isso não aconteceria até que os filhos de William, ou de Harry, começassem a formar suas próprias famílias.
Ainda assim, essa mudança seria improvável. “Seria necessário um ato do parlamento para aprovar uma nova lei incluindo os adotados como herdeiros do trono”, afirma Eloise Parker, jornalista e comentarista da realeza do Reino Unido.
Uma das razões também seria uma bagunça da linha de sucessão atual, que já passou por uma pequena mudança em 2013, quando as filhas mulheres foram incluídas na lista. "Embora a política seja imprevisível, a família real permanece a mesma, e isso constitui uma grande parte da identidade nacional da Grã-Bretanha”, comenta Parker.
Em cem anos, ou mais, talvez as regras sejam outras, e pessoas de fora tenham direito ao trono, mas até lá permanecemos com Elizabeth no trono, como já estamos acostumados pelas últimas seis décadas.