Durante a "Blond Ambition Tour", Madonna chamou atenção do papa João Paulo II, que classificou o show como "circo do diabo"
Redação Publicado em 25/08/2024, às 12h00
Madonna, conhecida por suas performances ousadas e transgressoras, sempre dividiu opiniões. Com críticas afiadas, a artista conhecida como "rainha do pop" desenvolveu uma conturbada com a Igreja Católica, que teve seu ápice em 1990, durante a icônica "Blond Ambition Tour".
O ponto mais alto dessa tensão ocorreu quando Madonna se apresentou em Roma, em julho daquele ano. Durante os shows da turnê, a cantora simulava atos de masturbação e exorcismo no palco, além de cantar em um altar que remetia a uma igreja.
Tais performances geraram indignação entre os católicos, levando o Papa João Paulo II a convocar um boicote aos shows da artista, explica o Digital Spy. Ele chegou a classificar as apresentações como "um dos shows mais satânicos da história da humanidade", repercute o The Guardian.
A chegada de Madonna a Roma foi marcada por protestos de grupos e associações católicas. Ainda no aeroporto e diante de uma multidão de jornalistas, a cantora leu uma carta ao Vaticano, momento que ficou eternizado no documentário. No texto, ela celebrou suas raízes italianas e destacou o orgulho de ser americana, um país que, segundo ela, valoriza a liberdade de expressão e artística.
Madonna pediu o fim do boicote à sua apresentação e fez uma reflexão sobre sua arte: "Se você tem certeza de que sou uma pecadora, então quem não pecou atire a primeira pedra. Se você não tem certeza, então eu imploro a você, como homens e mulheres justos da Igreja Católica que adoram um Deus que ama incondicionalmente, que vejam meu show e então me julguem", solicitou.
Ela comparou seus espetáculos a peças teatrais que provocam reflexões e levam o público a uma jornada emocional. "Não endosso um modo de vida, mas descrevo um, e o público é deixado a tomar as suas próprias decisões e julgamentos. Isto é o que considero liberdade de expressão, liberdade de expressão e liberdade de pensamento", explicou.
Por fim, a artista criticou diretamente a tentativa de boicote: "Para me impedir de fazer o meu espetáculo, vocês, a Igreja Católica, estão dizendo que não acreditam nessas liberdades. Se você não acredita nessas liberdades você está aprisionando a mente de todos. Quando uma mente está aprisionada, nossa luz espiritual morre. Quando o espírito morre não há razão para viver", concluiu.
Apesar das controvérsias e protestos, Madonna se apresentou no Estádio Flamínio em 10 de julho de 1990 para 30 mil pessoas, numa apresentação esgotada. No entanto, devido à onda crescente de manifestações contrárias à artista, o show programado para o dia seguinte acabou sendo cancelado.
