Desenhos milenares em um deserto no Peru intrigaram os especialistas — hipóteses bizarras tentam explicar o fenômeno
Giovanna Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 26/02/2021, às 16h30 - Atualizado em 04/03/2022, às 10h00
As Linhas de Nazca são certamente um dos maiores mistérios existentes e, desde quando foram descobertas em 1927, vêm gerando grandes debates entre pesquisadores e o público em geral.
Localizadas em um deserto no centro-sul do Peru, os geoglifos (como são chamados os desenhos) configuram figuras humanas, de animais, plantas e seres míticos no chão, sendo que algumas linhas chegam a ter incríveis 65 quilômetros de extensão.
As enormes dimensões e localização em um dos desertos mais áridos do mundo são características extremamente fascinantes. Mas o ponto mais intrigante é, sem dúvidas, o fato de que os símbolos somente podem ser identificáveis se vistos de cima, o que faz com que muitas pessoas se questionem se eles não serviriam como sinalização para seres extraterrestres.
Devido o imenso valor para a história, as Linhas de Nazca foram reconhecidas como patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO em 1994. Porém, ainda hoje o fenômeno se apresenta como um grande enigma a ser desvendado.
A civilização nazca compreende um povo que viveu na região do Peru entre 100 a.C. e 800 d.C. Eles construíram dois grandes complexos populacionais, sendo abastecidos por um sistema de irrigação extensiva.
Além disso, exerciam uma criativa produção de tecidos e cerâmicas, sendo que ambos apresentavam os mesmos desenhos dos geoglifos, o que confirma a ideia de que seriam eles os criadores das figuras no deserto.
Segundo a BBC, as linhas são datadas, em sua maioria, do período que compreende 100 a.C. e 300 d.C., época em que a região era habitada pela civilização, ocupando uma área de 517 quilômetros quadrados aproximadamente. Mas além de identificarmos a data da origem e o nome do povo que as criou, é preciso entender como se deu esse processo.
Devido à grande complexidade do fenômeno, principalmente pela enorme extensão das figuras, diversas teorias surgiram entre os curiosos, sendo muito popular a de que elas teriam sido criadas por alienígenas.
Para entender o caso, foi realizado um estudo recente por uma equipe japonesa liderada por Masato Sakai. Entre os anos de 2016 e 2018 foram feitas pesquisas a partir de técnicas de inteligência artificial que possibilitaram recriar imagens das figuras que se encontravam danificadas pela erosão.
Segundo a equipe, "o estudo explorou a viabilidade do potencial da inteligência artificial para descobrir novas linhas e introduziu a capacidade de processamento de grandes volumes de dados por meio de IA, incluindo fotos aéreas de alta resolução em alta velocidade".
Como conclusão, o comunicado afirma que “todas as figuras foram criadas com a remoção de rochas negras que cobriam o terreno, expondo a areia embaixo".
Quando se trata das Linhas de Nazca muitas são as questões levantadas. Há diversas teorias acerca de sua origem e propósito. No entanto, por mais que os pesquisadores se empenhem em descobrir o significado desse mistério, o fenômeno se mostra cada vez mais intrigante.
A matemática alemã Maria Reiche acreditava que as linhas tinham ligação com a astrologia, já que algumas figuras se assemelham a constelações. Segundo ela, a figura de um macaco, por exemplo, corresponderia à constelação da Ursa Maior. Além disso, poderia haver ligação com a agricultura e com o calendário de chuvas.
Já para David Johnson, pesquisador americano, os geoglifos estariam relacionados à agua. As linhas marcariam um fluxo de água subterrâneo e as figuras demarcariam poços e fontes, por exemplo.
Há ainda muitas teorias, como a de que os desenhos seriam, na verdade, uma grande escrita hieroglífica ou uma espécie de mapa. No entanto, a interpretação mais aceita recentemente é de que os símbolos seriam de cunho religioso e cultural.
Assim, muito provavelmente as linhas eram caminhos a serem percorridos pelas pessoas em procissões religiosas em direção a locais sagrados.
Porém, mesmo com tantos esforços dos especialistas para entender o caso, ao que tudo indica, o tema permanecerá gerando grandes debates e fascinando multidões pelo mundo por um longo prazo.