Neste dia, em 1967, os Beatles lançavam o álbum que refletiu a revolução cultural da época
Em 1967, uma verdadeira revolução cultural começou a partir de mãos jovens. A juventude rejeitava a guerra e propôs paz e amor, especialmente para dar um basta ao conflito no Vietnã. A psicodelia invadiu as revistas, a televisão e as ruas. As cores deram vida à moda, que floresceu como nunca nas grandes capitais. No meio de tanta mudança, uma banda de rock captou o espírito. E lançou o disco considerado um dos melhores já feitos até hoje, o Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band.
Naquele ano, a carreira dos Beatles estava mudada. O quarteto britânico não fazia mais turnês e dedicava mais tempo às gravações em estúdio. Após cinco meses dentro de um deles, o Abbey Road, e 700 horas de gravação sob a batuta do produtor George Martin, o auge da criatividade dos meninos de Liverpool estava atingido.
Mas por que Sgt. Pepper's é considerado um marco? Resumidamente (sim, porque as inovações do disco renderiam - e já renderam - alguns livros), porque provou que o rock não precisava se limitar a acordes simples e instrumentos básicos.
O trabalho foi muito além do esquema padrão "guitarra-baixo-bateria", adicionando clarinetas, harpas, instrumentos indianos e até flertando com uma música eletrônica primitiva. Paul McCartney resumiu assim a experiência: "Antes tentávamos compor canções pegajosas. O Pepper's foi mais como escrever um romance".
O álbum foi umas das poucas obras de arte a serem reconhecidas imediatamente pelo público e pela crítica. Quer uma prova? Jimi Hendrix tocou a música Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band em um show apenas três dias após seu lançamento. "Sgt. Pepper's é o disco de rock mais importante já gravado, uma aventura insuperável em conceito, som, composição, capa e tecnologia de estúdio, feito pelo maior grupo de rock de todos os tempos", descreveu a revista americana Rolling Stone, ao selecionar o trabalho como o número 1 numa lista dos 500 melhores álbuns.
Mesmo numa era onde os streams dominam o mercado fonográfico, a música deve algumas coisas ao Sgt. Pepper's. Discos com letras no encarte, por exemplo. A capa dupla do álbum também foi uma inovação.
Os Beatles colocaram na capa do disco a imagem de todos aqueles que admiravam
Stuart Sutcliffe, baixista original dos Beatles, havia saído do grupo para morar na Alemanha e se dedicar às artes plásticas e morrera em 1962. Seu rosto foi pintado num painel que serviu de cenário para a foto da capa.
Não por coincidência, a gangue do personagem Johnny Stabler no filme O Selvagem (1953) se chamava Beetles. As jaquetas de couro usadas pelo ator Marlon Brando no longa também foram copiadas pelo quarteto no início da carreira, antes dos terninhos.
O autor de Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll, é uma grande influência no disco. Criou imagens psicodélicas para sua personagem - aquele mundo estranho em que ela vivia, tudo muito colorido - antes mesmo de a psicodelia existir.
Segundo a teoria que corria sobre a morte de McCartney, a imagem invertida mostraria um texto que sugeriria a data (11-9, ou 11 de setembro) da suposta morte e um símbolo que apontaria para Paul.
Os boatos sobre a possível morte do baixista em um acidente de motocicleta em 1966 foram criados por um jornalista americano por brincadeira e apontam esse instrumento como uma pista para o óbito: ele lembra uma coroa de flores.