O rapaz trabalhava como guarda florestal em Virginia, nos Estados Unidos, e sua impressionante sorte — ou azar — ficaram marcados na história
O mais famoso guarda florestal do Parque Nacional, no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, se chama Roy Sullivan. Apesar da profissão pacata, o homem, que morreu em 1983, ficou conhecido por um apelido inusitado: o homem para-raio.
A razão, como é de se imaginar, é a de que ele já sobreviveu a alguns incidentes nem um pouco agradáveis com raios. Sete vezes foram as oportunidades que Sullivan teve e foi atingido por uma descarga elétrica vinda do céu. A cada um desses acontecimentos a fama do guarda no local aumentava, ao ponto de ser reconhecido pela instituição Guinness World Records como maior sobrevivente de raios conhecido da história.
Funcionários antigos do parque contam que ele costumava andar com um chapéu que possuía dois furos — sobrevivente de um desses raios que o acertaram em vida. Além do ornamento pra cabeça, que servia mais de decoração pro console de seu carro, tinha um relógio preto, dessa cor depois de ter sido carbonizado por um raio.
Não é para menos, é um fato que qualquer pessoa que saísse viva deveria se orgulhar, uma vez que as chances de simplesmente ser atingido por um raio é simplesmente ridícula: algo envolvendo um número inteiro com mais de 30 casas decimais.
Primeiro raio
O primeiro incidente envolvendo raios na vida de Sullivan foi durante uma tempestade em 1942, quando o guarda tinha 30 anos. Roy estava no topo de uma torre de incêndio, relativamente pequena, com 4 metros e meio de altura, porém com poucas árvores em volta, dando uma visão boa da floresta. Por mais que tivesse uma cobertura, o local não contava com o para-raios, então a natureza fez questão de encontrar uma para si mesma.
Raios já estavam caindo na mata, pequenos incêndios haviam se formado e estavam cercando o rapaz que, acuado, resolveu correr para fora da cobertura. Esse foi seu maior erro, já que andou cerca de poucos metros até ser atingido por um raio em sua perna direita — arrebentando a unha de seu dedão do pé.
A experiência dramática rendeu ao homem o cargo de patrulheiro de incêndios do parque. Depois de ter sobrevivido, ele brincava com os colegas de profissão que “se por um acaso começasse uma tempestade, eles deveriam fugir dele”.
Tempos de paz
Depois da primeira experiência, Sullivan só seria atingido novamente 27 anos depois, em 1969. Apesar do calor intenso, estava chovendo muito e o guarda dirigia sua caminhonete com a janela aberta. O primeiro raio caiu à sua direita, nas duas árvores ao lado, e se desviou para uma terceira.
Nesse processo, o raio atravessou as janelas do guarda que teve o seu relógio cozinhado e suas sobrancelhas fritas. Todos os pelos do corpo dele que não estavam protegidos por seu chapéu acabaram caindo. Claro que a energia descarregada sobre ele o apagou, e o carro acabou caindo dentro de uma vala.
Apesar do susto, nada demais aconteceu com ele. Roy estava pronto para outra, que demorou exato um ano para acontecer de novo, em julho de 1970. O guarda morava com sua mulher Pat em um trailer quando cuidava de seu jardim sob um céu relativamente limpo, quando um raio atingiu um transformador.
A explosão elétrica chegou ao seu ombro esquerdo, lançando o homem para longe. Como se essa vez já não fosse suficientemente absurda, foi na quarta vez que as coisas começaram a perder completamente o controle.
Em abril de 1972 uma chuva torrencial atingiu o parque, e o guarda estava em uma guarita ao topo de uma montanha, mas não havia sinal de trovoadas. De repente, uma caixa de fusíveis foi acertada e explodiu, e depois de ter sentido um zumbido estridente nos ouvidos, Sullivan sentiu muito calor em sua cabeça. Seus cabelos estavam pegando fogo.
O homem, desesperado, tentou enfiar a cabeça na pia, mas não cabia, a desgraça era tamanha que ele só conseguiu apagar o fogo com papel toalha molhado. Depois de dar entrada no hospital, não demorou para que seu caso se tornasse conhecido — e foi quando recebeu o título de pessoa a ser mais vezes atingida por raios.
Vida de azar
Não demorou para que o recorde fosse atualizado, em 1973 o senhor foi atingido pela quinta vez, não havendo registros exatos da história por conta dos arquivos do Guinness terem sido perdidos. As informações sobre esse caso vieram por meio do próprio Sullivan, três semanas depois.
Ele estava dirigindo sua caminhonete tentando ser mais rápido que a tempestade. Depois de, aparentemente, ter superado a velocidade com que as nuvens avançavam, o homem saiu do carro para contemplar o céu — não demorou para que visse com os próprios olhos o raio indo em direção a ele.
A convicção religiosa levava Roy a acreditar que aquela era a última vez, não seria possível haver mais disso para sua vida. Mas houve, a sexta vez, enquanto andava tranquilamente em uma trilha do parque onde trabalhava.
Depois dessa, ele acabou se cansando do parque, e achou que era melhor para sua vida se aposentar — já era hora. Mudou-se com sua mulher e o trailer para uma pequena cidade, e não poupou dinheiro em para-raios, equipando a antena de tv, os quatro cantos do trailer e nas árvores em volta.
Contudo, a sorte nunca sorriu ao homem. Enquanto pescava, em 1977, Roy acabou sentindo um forte cheiro de enxofre e os pelos de seus braços arrepiaram. Um raio atingiu ele e o jogou para a água.
O choque não imobilizou ele, que conseguiu subir de volta ao barco e correr para seu carro, no caminho teve que despistar um urso com os peixes que tinha pescado e uns sanduíches. Chegando em casa sua mulher o levou para o hospital, onde ele chegou a ser entrevistado contando que lutou com o urso acertando um pedaço de madeira em seu nariz.
Final triste
Ninguém poderia imaginar que o fim daquele azarado homem seria por meio de uma situação tão triste. O final de sua história é melancólico, certa noite, enquanto sua mulher dormia, ao lado dela o homem decidiu por fim a sua vida.
Com uma pistola, atirou em sua cabeça, um impacto que nenhum raio teria causado em si mesmo. Há quem acredite que uma depressão severa tenha surgido depois dos sete catastróficos episódios.
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