Com hieróglifos homenageando diversos faraós históricos, as estruturas, descobertas recentemente, incluem um santuário e estátuas
Em outubro de 2021, uma equipe de pesquisadores conduzidos pelo Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, junto de um grupo alemão de arqueólogos, localizou um curioso trecho da procissão geográfica do Baixo Egito, relacionando a posição do local original e conduzindo os equipamentos necessários para iniciar uma escavação na área.
Ao longo de semanas de exames, os primeiros vestígios históricos surgiram; blocos e outros fragmentos de basalto estavam linearmente dispostos, como paredes, possibilitando a localização de outras evidências ao redor. Contudo, ao longo dos achados, um curioso fato jogou luz a origem das construções: parte delas possuíam hieróglifos.
Analisados com cuidados, notaram cenas com representações humanas, escrituras com nomes e até anotações inacabadas, sendo conduzidas para verificação de especialista para serem datadas.
Dada a técnica usada e tipo de escrita, o chefe da missão, Aymen Ashmawy, pôde concluir que havia menções sobre os anos 13 e 14 do reinado de Nectanebo I, estimados entre 366 a 365 a.C.
Ao portal Ahram Online, Aymen notou que diversas passagens históricas eram enfatizadas por elementos arquitetônicos, como projetos ordenados por Ramsés II (1279-1213 a.C.), Merneptá (1213-1201 a.C.) e Apriés (589-570 a.C.). Além disso, um fragmento de estátua do faraó Seti II (1204-1198 a.C.) foi identificado ao redor da área da primeira parede.
Contudo, o chefe de antiguidades notou que as obras no local teriam parado de ser atualizadas no início da 19ª dinastia, estimada em 1300 a.C., levantando um parâmetro para compreender em que época a estrutura ao redor teve sua expansão interrompida: “Vários blocos também estavam inacabados e nenhum outro trabalho de decoração parece ter sido encomendado após a morte de Nectanebo I em 363 a.C.”, afirmou.
Para auxiliar a equipe egípcia, Dietrich Raue, chefe da missão alemã, mapeou os achados, compreendendo que o eixo processional principal foi analisado mais a oeste, podendo encontrar a continuação da estrutura nas outras direções.
Com tal linha de investigação, fragmentos mais novos foram encontrados ao longo da análise, como uma construção separada do Império Médio, a 22ª Dinastia (Rei Osorcor I, 925-890 a.C.) e, por fim, um surpreendente santuário abandonado.
O achado da estrutura que abrigava um santuário era a mais recente encontrada no sítio arqueológico, visto que os hieróglifos apontavam homenagear Shu e Tefnut por intermédio do rei Psamético II (595-589 a.C.). Somente naquele trecho, evidências de quase mil anos de diferença puderam ser resgatadas e analisadas com cuidado.
De acordo com o Daily Mail, as buscas na região prosseguem, com os itens encontrados sendo conduzidos para exames laboratoriais para garantir a exatidão das datações, mas já orgulham pela integridade das obras encontradas, com o uso de calcário na produção de estátuas e detalhados relevos em blocos anteriores a era romana.