Em 1996, a tragédia envolvendo uma aeronave que havia saído do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, traumatizou a nação
O voo TAM 402 havia saído do Rio Grande do Sul em uma rota doméstica até Curitiba, quando, então iria partir para São Paulo com o objetivo de chegar, finalmente, no Rio de Janeiro. Contudo, essa rota ficou marcada na História após um trágico desfecho.
Até chegar no aeroporto de Congonhas, todos os voos haviam ocorrido dentro da normalidade, com a exceção de um pequeno detalhe: havia uma falta de sincronização entre a potência dos motores da nave. O que não seria um problema, afinal, o piloto José Antônio Moreno e o copiloto Ricardo Luís Gomes Martins já colecionavam mais de 260 horas de voo com o modelo Fokker 100.
Mau diagnóstico
Contudo, o problema foi avaliado de forma imprudente. Embora acreditassem que o erro poderia ser contornado manualmente, o avião apresentou defeitos em um de seus mecanismos essenciais, o reversor de empuxo — utilizado para pousar.
O reversor faz força contra o sentido que a aeronave está seguindo. Dessa forma, auxilia na redução de velocidade da aeronave e deixa o freio ameno, todavia, em hipótese alguma deve ser acionado durante um voo: pode causar uma tremenda instabilidade.
Era a manhã do dia 31 de outubro de 1996, e Moreno avisou para a torre de comando que estava tudo ok para taxiar o avião — ele e Martins, como manda o protocolo, checaram todas as revisões necessárias e possíveis antes da decolagem, não identificando nada de errado.
Prontamente colocados de frente para a pista, um alarme soou na cabine. Os pilotos acreditavam que o sinal havia sido emitido por causa dos pequenos problemas que já estavam cientes, e que seriam contornados com facilidade. Todavia, o alarme fora disparado por problemas no reversor.
A queda
Já iniciando a decolagem, a nave, que acelerava cada vez mais, soou novamente um alarme, que também foi ignorado pelos pilotos que julgavam já saber do que se tratava. Atingindo 242 km/h o avião decolou, mas o reversor de empuxo do motor direito acabou sendo acionado — ele estava frouxo — e somente o lado esquerdo fazia o Fokker acelerar.
Com muito esforço, os pilotos conseguiram controlar o ângulo de decolagem, mas somente por poucos segundos — especificamente seis. Depois desse intervalo, o reversor voltou a se abrir, fazendo a velocidade cair drasticamente. Para piorar, a tensa situação havia feito Moreno e Martins se esquecerem de recolher os trens de pouso, prejudicando a aerodinâmica e estabilidade do voo 402.
À essa altura, eles já estavam praticamente condenados. O que aconteceu depois foi somente a confirmação do que o episódio previa. Apenas 40 metros acima do solo, o avião perdeu completamente sua sustentação. A asa direita começou a apontar para o chão, não demorou para o colosso de metal com 45 toneladas colidir com um conjunto de casas na zona sul da capital paulista.
Três pessoas que estavam na rua acabaram sendo atingidas pelo avião. O trem de pouso — que não estava recolhido — entrou pela janela de uma das casas, atingindo a sala de estar, onde os moradores da residência haviam deixado cerca de 20 segundos antes da enorme roda atravessar a janela.
Falhas atrás de falhas
Durante as investigações, o Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) citou as gravações de dados do voo apontando que o reversor de um dos motores continuou em trânsito, solto.
Quanto aos erros dos profissionais, apontaram o fator psicológico para os pilotos, que eram relativamente novos — um tinha 35 e o outro 28. Além disso, a falta de orientações sobre o fato de que o problema estava no reversor poderiam ter evitado todo o desenrolar da história, que acabou se tornando o acidente aéreo com mais mortes envolvendo um avião Fokker 100, e um dos mais letais da história do país. Todos os 96 passageiros e tripulantes, além de três pessoas que estavam na rua, morreram.
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