Gaudí criou casas, edifícios e templos que apaixonam gerações
Entre fins do século 19 e início do 20, Antoni Gaudí (1852- 1926) projetou e construiu casas, edifícios e templos que se tornaram marcos da arquitetura.
Inspirado nas leis da natureza e na cultura dos artesãos espanhóis e catalães, ele transformou suas construções em novos modelos coloridos e cheios de formas sinuosas, além de forjar grades, portões, móveis e maçanetas em verdadeiras esculturas utilitárias.
Em torno do arquiteto havia uma cidade em ebulição, com novas correntes artísticas, e foi nesse cenário de intensa troca de ideias com a Europa e irrefreável ascensão burguesa, que Barcelona entrou para a história como o grande palco da genialidade arquitetônica de Gaudí.
Em 1883, com apenas 31 anos, Gaudí assumiu a construção do templo da Sagrada Família, depois da renúncia de Francisco de Paula del Villar, autor do projeto inicial.
A tarefa marcaria para sempre seu destino – a partir de 1914, Gaudí instalou-se num ateliê anexo à obra para trabalhar nela de forma ininterrupta, abandonando todo trabalho leigo. Mais de um século depois de seu início, a construção da Sagrada Família ainda hoje desafia arquitetos do mundo todo, empenhados na sua conclusão.
Primeira obra importante de Gaudí, a Casa Vicens foi construída a pedido do fabricante de azulejos Manuel Vicens – e é um exemplo de como o artista reinventou a arquitetura muçulmana tão enraizada na Espanha.
A construção é cheia de reproduções dos elementos naturais do local. Os azulejos, desenhados pelo próprio Gaudí, retratam os cravos que cresciam no terreno. A grade de ferro que separa a casa da rua tomou como modelo as folhas de palmito do sítio da construção.
Com a Casa Calvet, Gaudí construiu pela primeira vez um edifício de apartamentos de aluguel entre prédios contíguos. Feita de pedra lascada, sua fachada ostenta os bustos dos santos patronos de Vilassar, povoado natal de Calvet, proprietário da residência.
Nas laterais da porta principal, dois carretéis de linha de tear são uma alusão às indústrias têxteis de Calvet. E a argola da porta que serve de campainha, feita de ferro fundido, tem a forma de um percevejo.
Sob as ruínas do palácio do rei Martín, o Humano (1356-1410), último monarca da dinastia catalã, Gaudí construiu o edifício Bellesguard. A obra teve um grande valor simbólico para o arquiteto – estava relacionada à história da perda de autonomia da Catalunha em relação ao reino de Castela. O nome Bellesguard (“Bela Vista”) refere-se à localização do terreno, de onde se tinha uma visão panorâmica da cidade de Barcelona.
Localizada também no Paseo de Gracia, a Casa Batlló é considerada uma das maiores expressões da renovação gaudiana. Reformada a pedido do industrial Josep Batlló Casanovas, a casa exibe uma fachada revestida de cerâmica e vidros coloridos.
As formas sinuosas caracterizam a parte baixa da entrada, onde foram esculpidas as pedras arenosas da colina barcelonesa de Montjuïc – está aí uma das características mais marcantes do arquiteto: o emprego de materiais de construção de sua t
No Paseo de Gracia, famosa avenida cujas calçadas foram ornamentadas por Gaudí, está o edifício de apartamentos La Pedrera, última obra civil do escultor. Construída por causa do casamento do empresário Pere Milà, a chamada ”Casa Milà” tem fachada ondulante e esculturas de ferro que funcionam como grades das sacadas. Na cobertura do prédio – um terraço aberto a visitas turísticas – dispõem-se chaminés e tubos de circulação de ar de formas humanas.
Numa área de 20 hectares na “Montanha Pelada” de Barcelona, Gaudí construiu o Parque Güell. Concebido como uma cidade planejada – que fracassou como empreendimento imobiliário –, o parque (hoje o mais visitado de Barcelona) ostenta aquelas que se tornariam as características de Gaudí: o revestimento das superfícies com cacos de cerâmica e o gosto pelas formas curvas. Vale ressaltar a reciclagem envolvida na confecção dos mosaicos: eles eram feitos de cerâmicas descartadas de fábricas.