De autoria de Paulo Rezzutti, 'Independência: a construção do Brasil (1500-1825)', novo volume da série “A história não contada”, é um livro sobre nossa identidade nacional
Numa narrativa que atravessa os séculos, Paulo Rezzutti lança luz sobre personagens que, para além da imagem do imperador com espada em punho, tiveram participação fundamental no caminho até a Independência do Brasil, incluindo mulheres e pessoas negras.
Neste novo volume da série “A história não contada”, muito mais do que simplesmente celebrar o Bicentenário da Independência do Brasil (1822-2022), Rezzutti explica de maneira precisa o processo que culminou no Grito do Ipiranga e um pouco do que veio depois: o nascimento e a construção – ainda em curso – de uma nação.
O resultado é um panorama do Brasil que somos, e que o autor analisa e nos provoca à reflexão. Como fica claro ao longo da leitura, pensar a Independência é um exercício fundamental para entendermos o nosso presente e para projetarmos nosso futuro como brasileiros e cidadãos. Ao longo do texto, para além do imperador e do seu grito, o grande protagonista, ainda que tristemente alijado e/ou alienado, somos nós, o povo brasileiro.
Paulo Rezzutti já narrou, em dois de seus premiados best-sellers, a história não contada de d. Pedro I e d. Leopoldina, reapresentando aos leitores o casal imperial brasileiro como personagens complexas e humanas.
Entre dramas pessoais, escândalos amorosos e reviravoltas políticas, os livros trouxeram à tona, a partir de cartas e documentos inéditos, detalhes cristalinos sobre a Independência do Brasil – proclamada por d. Pedro, mas um processo no qual d. Leopoldina teve participação crucial.
Agora, a Independência deixa de ser coadjuvante − um evento dentro das biografias das personagens − para se tornar protagonista numa história diferente de tudo o que você já leu.
O livro nos leva, inicialmente, para 1943, quando diversas peças de ouro prestes a serem derretidas são identificadas como a coroa de d. Pedro I. Em seguida, o autor nos leva para 1798, testemunhando o nascimento do futuro primeiro governante do Brasil – herdeiro de uma das mais poderosas dinastias portuguesas, cuja origem remonta à união da filha de um santo com o filho ilegítimo de um rei.
E volta ainda mais alguns séculos, ao ano de 1500, para mostrar Pedro Álvares Cabral cruzando o Atlântico até uma terra que, embora fosse um novo mundo para os europeus, já era lar de mais de 2 milhões de pessoas – até então independentes.
A partir daí, entre a “descoberta” e a opressão, começam a pairar no ar as primeiras ideias de liberdade. No fim do século XVIII, jovens e intelectuais tramam a independência na malograda Inconfidência Mineira, porém, quem diria, é a transferência da corte portuguesa para o Brasil que acaba por culminar, ainda que por estradas tortuosas, no famoso Grito do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822.
Ao não se render à versão da história conduzida somente pelos feitos das maiorias e dos poderosos, Rezzutti insere o povo brasileiro nesta jornada. Independência: a construção do Brasil (1500-1825), novo volume da série “A história não contada”, é um livro sobre nossa identidade nacional.