Nesta semana, estreia no Disney+ a nova série 'Maria e o Cangaço', que mostra a vida brutal do cangaço a partir da visão de Maria Bonita
Publicado em 02/04/2025, às 21h00
Na próxima sexta-feira, 4, chega ao catálogo do Disney+ a série brasileira 'Maria e o Cangaço'. A produção gira em torno do casal Lampião e Maria Bonita, que se tornou lenda no sertão nordestino, lembrados como "rei e rainha do cangaço".
A série é dirigida por Sérgio Machado, e quem dá vida Lampião e Maria Bonita são, respectivamente, Julio Andrade e Isis Valverde. Aqui, "Maria Bonita se vê dividida entre a vida no cangaço e o desejo impossível de criar sua filha", segundo a sinopse.
Um fato sobre 'Maria e o Cangaço' é que a produção é inspirada no livro 'Maria Bonita: Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço', de Adriana Negreiros, que coloca a rainha do cangaço sob uma nova perspectiva, com foco em sua jornada como mulher e mãe. Na narrativa, veremos a personagem dividida entre a vida fora da lei no cangaço, e o desejo de viver em família, após descobrir estar grávida.
Adriana Negreiros, jornalista e autora de 'Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no cangaço', afirma que Maria Bonita foi uma mulher transgressora, embora não feminista. Ao Brasil de Fato, ela comentou sobre a importância da perspectiva feminina ao retratar o cangaço.
Assim, ao longo de suas quase 300 páginas, o livro desenvolve uma história que desmistifica a imagem que foi criada em torno de Maria Bonita. Para isso, explora as contradições de sua personalidade, indiscutivelmente transgressora, mas que ao contrário do que muitos podem pensar, não pode ser considerada feminista.
"A Maria Bonita exercia uma influência muito grande sobre o Lampião. Era a cangaceira mais importante, mas não tinha essa liderança reconhecida pelas demais cangaceiras. Ela vista com alguma reserva, e muitas achavam que a Maria Bonita era 'arrogante', por ser mulher do chefe. Ela não era, ao contrário do que pensam, uma liderança feminista", disse Adriana Negreiros ao veículo.
Ao longo de sua jornada em meio ao cangaço, Maria Bonita e todo o bando conquistaram muitos inimigos. Por isso, seu destino, bem como o de Lampião, teve um fim trágico e brutal.
No dia 28 de julho de 1938, quando os cangaceiros estavam na Grota do Angico, em Sergipe (onde hoje é o município de Poço Redondo), sofreram uma emboscada depois que alguém do grupo os traiu. Eles foram cercados por uma força policial criada justamente para localizar e eliminar Lampião, que não tiveram a menor piedade.
Enquanto alguns cangaceiros conseguiram fugir, ou foram presos, onze deles foram mortos. Foi relatado na época que o primeiro a morrer foi Lampião, que foi atingido por três tiros pelo tenente Antônio Honorato da Silva. Maria Bonita, por sua vez, também foi atingida, mas o tiro não foi letal.
No entanto, em um ato de extrema violência, os policiais decidiram decapitar todos os mortos; e é dito que Maria Bonita ainda estava viva no momento em que começaram a degolá-la. Após isso, esses homens embeberam as cabeças em álcool e as transportaram em latas de querosene — e expuseram-nas em várias cidades pelo caminho, antes de retornarem à capital do Alagoas.
Todos os episódios de 'Maria e o Cangaço' chegam na sexta-feira, 4, no catálogo do Disney+.