Com atuação no Afeganistão e Paquistão, o Isis-K é o principal rival do Talibã
Na última quinta-feira, 26, explosões aos arredores do aeroporto de Cabul, capital do Afeganistão, fizeram vítimas fatais, deixando as autoridades internacionais em alerta. O movimento fundamentalista e nacionalista islâmico, o Talibã, condenou os ataques.
As agências Reuters e AFP relataram que o Estado Islâmico (EI) assumiu — em um grupo no Telegram — a autoria dos atentados na capital do Afeganistão.
O porta-voz do Talibã, Suhail Shaheen, por sua vez, condenou o ataque que resultou na morte de civis. Já o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que o atentado terrorista não ficará impune.
“Sentimo-nos indignados e com dor. Não vamos perdoar e não vamos esquecer isso. Vamos caçá-los e vamos fazê-los pagar por isso“, disse o presidente estadunidense durante pronunciamento.
Considerado o inimigo número um do Talibã, o Isis-K (Estado Islâmico da Província de Khorasan, em tradução para o português) é um braço regional do Estado Islâmico que atua no Afeganistão e Paquistão.
Criado em 2015, o grupo é contrário ao Talibã. O Isis-K faz parte da rede global do Estado Islâmico. Já o movimento fundamentalista e nacionalista islâmico, o Talibã, possui a atuação mais restrita no Afeganistão.
O braço regional do Estado Islâmico foi autor de alguns ataques brutais a escolas femininas, hospitais e até a uma maternidade. Além disso, os integrantes do Isis-K acreditam que o Talibã não seja extremista e radical o suficiente.
Baseada na província de Nangarhar, a cédula terrorista chegou a ter 3.000 membros, mas após confrontos com militares ocidentais e com o próprio grupo rival, a organização perdeu alguns integrantes, restando apenas cerca de 500 a 1.500 combatentes, segundo dados levantados pelo El País.
De certa forma, o Talibã e o Isis-K possuem uma ligação. Isso se dá através da rede Haqqani, estreitamente ligada ao grupo fundamentalista islâmico que assumiu o controle do Afeganistão recentemente.
Conforme o pesquisador da Fundação Ásia-Pacífico, Sajjan Gohel, entre 2019 e 2021 alguns ataques terroristas tiveram, ainda, a colaboração entre o Isis-K, a rede Haqqani e o Talibã.
Além disso, após o Talibã assumir o controle da capital do país, no dia 15 de agosto, integrantes de outros grupos terroristas, como Estado Islâmico e Al-Qaeda, foram libertados da prisão de Pul-e-Charki.
Contudo, mesmo com essas ligações, ambas organizações são rivais. Isso porque, o braço regional do Estado Islâmico critica profundamente os acordos feitos em 2020, estabelecidos entre os talibãs e as milícias locais e os Estados Unidos.