De traços carrancudos, ele é a personificação dos ideais americanos, e teve uma inspiraçãozinha da Inglaterra
Com o dedo em riste, um senhor barbudo de cartola e terno azul e vermelho intimava: Eu quero você no Exército dos EUA. A intimação era dirigida aos cidadãos que perambulavam pelas ruas durante a Primeira Guerra e vinha de cartazes convocando ao alistamento. Tio Sam, o homem que demandava o sacrifício, nunca existiu de fato, mas é um dos mais reconhecíveis símbolos dos EUA.
A versão mais aceita (e oficial) da criação do personagem conta que o mito começou em um carregamento de carne enviado para alimentar os soldados que combatiam na Guerra de 1812 contra a Inglaterra. Com as iniciais US gravadas nas laterais, os caixotes foram apelidados de Uncle Sam (Tio Sam) - uma referência a Samuel Wilson, o gerente do açougue de Troy, Nova York, que abastecia a tropa.
Cartunistas políticos cuidaram de popularizar a imagem da nova figura. Uma das caricaturas mais emblemáticas apareceu em 20 de novembro de 1869 na revista Harper’s Weekly. Feita pelo cartunista político Thomas Nast, Tio Sam está sentado à mesa em um jantar de Ação de Graças. Era o início da associação do personagem ao espírito nacional dos EUA - espécie de segundo Natal, o dia de Ação de Graças é um dos feriados mais tradicionais do país.
A imagem mais conhecida de Tio Sam nasceu, no entanto, em 1917, nas mãos de James Flagg. Foi o cartunista o autor do dedo indicador apontando e dos cabelos brancos, nos quase 4 milhões de cópias espalhadas pelo país - o cartaz era uma adaptação de outro com Lorde Kitchener, um marechal inglês, como modelo. As peças foram encomendadas pelas Forças Armadas americanas e seriam reeditadas durante a Segunda Guerra. Tio Sam assumia, assim, o papel de mascote oficial da nação.