Zapata foi uma das figuras mais marcantes e centrais do processo revolucionário pelo qual seu país passou, em 1910
Nascido na pequena vila de San Miguel Anenecuilco, no sul do México, Emiliano Zapata Salazar foi uma das figuras mais marcantes e centrais do processo revolucionário pelo qual passou o México em 1910. Acima de tudo líder da causa indígena, Zapata liderou seus exércitos paramilitares em direção à Cidade do México, e, junto ao exército de Pancho Villa, ocupou a capital numa estranha manifestação de poder popular.
A Revolução de 1910 teve como principal pauta a derrubada do ditador mexicano Porfírio Diaz. Porém, muito mais complexa e com camadas de articulações entre grupos sociais, a primeira revolução nacional do século 20 desencadeou um cenário de caos político e jogos de poder com a disputa pela ocupação da presidência da república.
Porfírio seria derrubado em 1910 pelas forças liberais articuladas pelo político e fazendeiro Francisco Madero, que toma o poder e inicia um movimento de desenvolvimento do México como Estado Moderno, políticas de desenvolvimento da identidade nacional e reabilitação de signos indenitários como o passado asteca e o muralismo.
Madero seria responsável por uma proposta de Reforma Agrária (que só teria corpo nos anos 1930, na presidência de Lázaro Cárdenas) que tinha como claro objetivo a introdução do indígena à sociedade republicana, incluindo-os ao circuito econômico capitalista e nacional.
Este era um dos principais motivos de rixa entre Madero e Zapata, pois o líder da revolta indígena articulou seu Ejército Libertador del Sur para a construção de uma reforma agrária pautada nos ejidos (terras comunais) e formas tradicionais e culturais de contato com a terra. Ou seja, Zapata se opunha a Madero e seu projeto colonizador de quebra com a autonomia econômica e cultural dos indígenas mexicanos.
Com a ascensão de Madero, é implantado um caos na política nacional, em que inicialmente se convoca um armistício com Zapata, mas o revolucionário se nega, alegando que se armados os indígenas já estavam perdendo, imagine então seu exército desarmado.
Diversos políticos morreram em confrontos com armas de fogo. Madero articula a perseguição aos exércitos libertadores do zapatismo e o banditismo encabeçado por Pancho Villa no Norte. A perseguição aos zapatistas seria uma das principais pautas do exército mexicano no período pós-revolucionário.
Em 1913, Madero foi derrubado por um general porfirista chamado Victoriano Huerta, que assume a presidência sob a bandeira de retomar o desenvolvimento nacional em ordem antes da revolução. Com isso, Villa e Zapata se aliaram a Venustiano Carranza e derrubaram novamente o governo no ano seguinte.
Carranza articulou novamente um governo autoritário que empreendeu diversas missões de extermínio do exército zapatista. Zapata manteve sua oposição, mas os anos de batalha fizeram com que o exército estivesse desarticulado e enfraquecido aos pés de 1914. Carranza então ofereceu uma farta recompensa pela cabeça de Zapata, fazendo do revolucionário alvo numero um do exército e de diversas facções da sociedade.
Mas a morte de Zapata viria ocorrer após alguns anos de resistência. No dia 10 de abril de 1919, o general Jesús Guajardo, fingindo compactuar com a causa do ELS, convidou Zapata para um encontro estratégico em Morelos, estado central da causa indígena (e estado natal de Zapata).
Ao encontrar com o general, vindo a cavalo, Zapata levou diversos tiros por todo o corpo e foi assassinado em meio ao deserto. Guajardo foi então recolher o corpo do revolucionário e o levou às autoridades para receber a recompensa prometida (mesmo que tenha recebido praticamente metade).
A morte de Emiliano causou a final desarticulação do exército indígena, que seria trucidado pelas forças do Estado nos anos seguintes. O legado político do revolucionário foi negado pelo Estado Mexicano por anos, e retomado somente no fim do século 20, com a estruturação do Exército Zapatista de Libertação Nacional.
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