...e no que erraram
O futuro não devia parecer promissor aos norte-americanos em 1962. Cinco anos antes, a União Soviética havia começado a corrida espacial com o Sputnik e, em seguida, colocado o primeiro ser humano no espaço, Yuri Gagarin. O que estava em jogo não era orgulho ferido: o programa espacial soviético indicava que eles podiam atacar os EUA com mísseis intercontinentais.
Em setembro daquele ano, na véspera da da Crise dos Mísseis em Cuba, que a Hanna-Barbera lançou a ficção científica mais deslavadamente otimista da história. No mundo de 2062, não existem comunistas ou armas nucleares.
George Jetson e sua família vivem numa utopia tecnológica, onde objetos do cotidiano ganham adjetivos como espacial ou supersônico. Carros voam - em congestionamentos - e a jornada de trabalho dura três horas (extenuantes, para George) de apertar botões. E ninguém é gordo por falta de exercício.
O desenho pode ser uma comédia datada, mas acertou algumas previsões. Logo na abertura, pedestres na calçada rolante aparecem compenetrados em seus aparelhinhos portáteis - um deles até parece um tablet. George acompanha as brincadeiras do filho Elroy através de uma câmera. Os jornais são vistos em telas.
O aspirador de pó é um robô (como o Roomba, lançado em 2002). Num ponto bem menos utópico, câmeras são usadas para patrulhar os empregados, que podem ser demitidos por opiniões descuidadas. Talvez a previsão mais certeira seja o centro de quase todas as piadas: a tecnologia é milagrosa, mas dá pau quase a toda hora.
Os Jetsons dos anos 60 só tiveram 24 episódios - uma continuação, em 1985, era menos bem inspirada. A razão do seu fracasso foi ser avançada demais para a época. Foi a primeira produção em cores transmitida pelo canal ABC, num tempo em que 97% dos lares norte-americanos tinham TVs em preto e branco.