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Matérias / Segunda Guerra

Hasteamento americano: A história por trás de uma das fotos mais famosas da Segunda Guerra

Tirada durante um momento de glória em Iwo Jima, o símbolo estadunidense de luta é rodeado de tragédias por confrontos entre japoneses e americanos

Wallacy Ferrari Publicado em 18/08/2020, às 09h34

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Lendária fotografia dos fuzileiros navais americanos hasteando a bandeira - Wikimedia Commons
Lendária fotografia dos fuzileiros navais americanos hasteando a bandeira - Wikimedia Commons

Reproduzida no cinema, em títulos de guerra pelo governo dos Estados Unidos, em selos de cartas e até mesmo em uma escultura monumental em Washington, a fotografia dos seis fuzileiros navais estadunidenses hasteando juntos uma bandeira norte-americana se tornou um símbolo da força militar para uma fragilizada população após a Segunda Guerra, assim que se tornou pública.

Tirada em 23 de fevereiro de 1945, chegou a ter outras tentativas de acertar a fotografia, mas não foi encenada; a equipe estava no topo do cone vulcânico no Monte Suribachi, após subir 168 metros de altura e foi tirava pelo fotógrafo Joe Rosenthal, rendendo-lhe, ainda naquele ano, um prêmio Pulitzer pelo registro. A foto memorável, no entanto, possui uma história mais obscura do que o registro.

O hasteamento não foi feito lentamente, mas muito rápido, visto que os combatentes realizavam o levantamento da bandeira durante uma batalha sanguinária, sendo atacado por tropas japonesas, incomodadas com a tomada americana. O fotógrafo quase perdeu o hasteamento, visto que foi informado que a bandeira já havia sido levantada, porém, prosseguiu subindo, tentando registrar imagens de guerra.

Duas outras tentativas de capturar a foto perfeita / Crédito: Wikimedia Commons

A visão do fotógrafo

Apesar da notícia, dada pelo sargento Louis Lowery, que era o fotógrafo oficial do corpo de fuzileiros navais, ele descobriu que apenas uma pequena bandeira havia sido colocada, mas a maior seria instalada assim que houvesse maior calmaria. Com a pressa, fotografou sem olhar no visor, apenas mirando a câmera contra o grupo. Sem a certeza de que a foto ficou boa, retornou ao solo e enviou o filme fotográfico para Guam.

Rosenthal já acompanhava as tropas americanas na guerra, desde que havia sido recusado pelas Forças Armadas para a vaga de fotógrafo oficial, alegando que o homem tinha problemas de visão. A Associated Press não identificou os mesmos problemas e, admirando a coragem de Joe, o mandou para a guerra. Com a foto revelada em Guam, o fotógrafo devolveu a obra via telefotografia para os editores da agência em São Francisco.

Em Iwo Jima, a sensação dos soldados era de paz, pois finalmente era possível ter um cessar fogo com a tomada da tropa invasora. A esperança, no entanto, acabou sendo antecipada, visto que o confronto ainda duraria um mês, causando a morte de 6.281 soldados americanos, com aproximadamente 20 mil feridos. Mesmo assim, os membros da foto tornaram-se símbolos.

Fotografia em plano retrato de Joe Rosenthal / Crédito: Wikimedia Commons

Controversa captura

A notícia dada pelo sargento Louis Lowery de que a bandeira já havia sido hasteada tinha um motivo em específico para a afirmação: o fotógrafo oficial havia quebrado a sua câmera durante uma subida e ficaria impossibilitado de realizar a fotografia simbólica. Posteriormente, quando a fama de Rosenthal emergiu, Lowery sustentou que o registro era falso, visto que somente ele poderia realizar tal feito por acompanhar as tropas.

Outros militares, no entanto, recusaram a hipótese enaltecida pelo sargento e divulgada pela revista americana Life; se reuniram e, juntos, levantaram provas de que a imagem se tratava de um registro jornalístico autêntico. Mesmo com a comprovação dos editores e dos oficiais, o boato persistiu, fazendo Joe defender a sua foto até o seu falecimento, aos 94 anos de idade, em 2006.

Quanto a Lowery, a alegação não surtiu efeito negativo com a amizade dos colegas de trabalho. Tanto que, anos após a foto, se reencontraram em um evento da Marinha e, amistosamente, discutiram sobre os registros na ocasião, até o sargento concluir que o amigo realmente não armou a fotografia. Morreu anos antes de Joe, com o amigo da Associated Press comparecendo em seu funeral.


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