Uma corrente de WhatsApp já afirmou que o inventor costumava se encontrar com a princesa; a verdade é bem diferente
Nos últimos anos, diversas correntes de WhatsApp foram criadas para exaltar o periodo da monarquia, bem como a família imperial brasileira.
Uma delas trouxe informações bastante questionáveis como a de que a princesa Isabel costumava receber visitas de Santos Dumont três vezes por semana durante o exílio, em Paris.
Seria essa uma afirmação verdadeira?
Com o objetivo de responder a esse questionamento o site Aos Fatos, especializado na verificação de informações, buscou fontes, entre biografias e consultas a historiadores, além de registros na imprensa.
Após a pesquisa, a fonte averiguou que não há provas suficientes de que isso seja verdade.
Mesmo entre as obras biográficas do aviador há apenas um episódio no qual a filha de D. Pedro IIé mencionada, contrariando a afirmação de que os encontros entre as duas figuras históricas teriam sido frequentes.
O episódio em questão narra um dos vários acidentes sofridos por Dumont numa época em que tentava desenvolver aquela que seria sua grande invenção, o avião, mais especificamente cinco anos antes do primeiro voo do 14-bis.
Era ano de 1901 e o inventor participava de uma competição em Paris quando o balão no qual se encontrava repentinamente ficou sem combustível, antes mesmo que o brasileiro atingisse a linha de chegada.
Com isso, conforme escreveu o escritor Paul Hoffman em sua biografia de Santos Dumont, intitulada "Asas da Loucura", o balão acabou caindo sobre um castanheiro que, muito por acaso, pertencia à conhecida e poderosa família de banqueiros Rothschild.
A filha de Pedro II, que à época vivia em uma residência próxima ao local, logo soube do acidente e ordenou a seus criados que levassem um almoço ao aviador. Diz o texto que eles ainda entregaram, na ocasião, um convite para que Dumont fosse visitá-la.
Depois da visita, afirma a fonte, Isabel teria enviado uma medalha de ouro ao brasileiro, a qual foi acompanhada de um bilhete.
Envio-lhe uma medalha de São Benedito, que protege contra acidentes. Aceite-a e use-a na corrente do relógio, na carteira ou no pescoço. Ofereço-lhe pensando na sua boa mãe e pedindo a Deus que o socorra sempre e o ajude a trabalhar para a glória de nossa pátria”, dizia a mensagem.
Não se sabe, no entanto, se Dumont tornou a se encontrar com a princesa.