O caso, que repercutiu em 2019 com publicação de estudo, surpreendeu pessoas ao redor do mundo
Em meados dos anos 2000, um biólogo do Museu de Queensland, na Austrália, ficou intrigado ao perceber que não conhecia a espécie de um peixe que era vendido por um pescador no estado australiano de Queensland.
Jeff Johnson decidiu que buscaria mais informações sobre essa história e começou a procurar o peixe nos mercados e contatar pescadores para entender mais sobre o animal, que era vendido aos montes e há muito tempo no país.
No entanto, a tentativa revelou-se mais difícil do que o especialista esperava pois, todas as vezes em que ele tentava comprar a espécie no mercado de peixes ou até mesmo diretamente com os pescadores, as unidades já haviam se esgotado.
Isso dificultou o começo da investigação de Johnson, mas não o impediu de continuar tentando, insistentemente, por anos. A curiosidade do australiano persistiu por muito tempo, até que ele, enfim, conseguiu encontrar alguns dos peixes e analisá-los.
É possível dizer que toda a espera valeu a pena. O que o biólogo descobriu surpreendeu a Austrália e, ainda, o mundo, que ficou sabendo da descoberta científica de Johnson por meio de um artigo publicado no periódico Zootaxa em 25 de setembro de 2019.
Ele não era o único que não conhecia a espécie de peixe vendida por pescadores australianos: toda a ciência desconhecia aquele animal, que ainda não havia sido analisado por pesquisadores.
O pesquisador conseguiu analisar alguns espécimes do peixe apenas após anos de tentativa, mesmo sabendo que havia algo de curioso naquela história e insistindo na investigação. O primeiro exame na espécie aconteceu em 2017.
"Assim que os vi, pensei que provavelmente eram uma nova espécie, então comprei cinco exemplares e comecei o trabalho para provar formalmente que era uma nova espécie", escreveu Johnson em nota, na época da publicação do estudo.
E ele estava certo, o que causou certo choque em grande parte dos australianos, que comiam há anos um peixe que não era nem ao menos conhecido formalmente pela ciência.
Finalmente identificado após muito esforço, o peixe da nova espécie foi batizado de Epinephelus fuscomarginatus.
Para que o animal fosse analisado, o cientista teve ajuda da então geneticista do Museu de Queensland, Jessica Worthington Wilmer. Ela foi responsável por realizar testes moleculares nos animais e por desenvolver comparações com outros peixes.
As análises genéticas foram realizadas com amostras do próprio museu, onde os dois trabalham, e atestaram que se tratava de uma nova espécie, o que Johnson já suspeitava desde o começo da história.
"O peixe atinge pelo menos 70 centímetros de comprimento e tem sido vendido nos mercados de peixes. Me disseram que eles são muito saborosos", acrescentou o biólogo no comunicado.
“O animal tem aparência simples, sem marcas reais distintivas, o que é típico da maioria das outras espécies de garoupa [filo do peixe] e provavelmente explica por que passou despercebido e sem nome por um longo tempo”, explicou.