Além de acompanhar a estrela em diversos eventos, o Rei do Pop vivenciou muitos momentos íntimos com a atriz de 'Cleópatra'
Em dezembro de 1984, a comentada turnê Victory, protagonizada por Michael Jackson ao lado dos irmãos, estava em sua reta final. Revisitando clássicos do Jackson 5 com músicas do álbum Thriller, os Jacksons se apresentariam no Dodger Stadium.
A atriz Elizabeth Taylor não queria perder a oportunidade. Comprou logo quatorze ingressos VIPs para acompanhar o concerto com amigos e seguranças.
A experiência, no entanto, foi frustrante; de acordo com a intérprete de Cleópatra, “teria sido melhor assistir na TV”, visto que era muito distante do palco. Antes mesmo do fim do show, a artista decidiu sair da arena, desistindo de acompanhar a apresentação.
Quando soube disso, Michael ficou arrasado e decidiu conversar diretamente com a atriz. Após horas consultando profissionais da vida pública, conseguiu o telefone de Taylor, ligando no dia seguinte.
Michael fez o contato e pediu desculpas para a atriz, que não apenas perdoou o rapaz, mas continuou a conversa por mais três horas. Foi o início de uma das amizades mais sucintas da história da fama, com ligações prosseguindo ao longo dos meses.
O principal assunto que uniu o ícone do cinema com o Rei do Pop foi a exposição da mídia, principalmente pelo início precoce; Elizabeth começou a carreira aos 12 anos de idade, sendo explorada pela mãe para fazer testes e audições. Michael, por sua vez, iniciou com 5 anos de idade, sendo treinado à força pelo pai. Juntos, compartilhavam a necessidade de conversar sobre fatores da infância e juventude.
Os 27 anos de diferença entre os artistas proporcionavam uma visão maternal da atriz pelos olhos de Michael. Durante seus anos de amizade, Elizabeth não apenas influenciou momentos bons na vida do cantor — como quando organizou uma manhã de Natal para ele, em 1993 —, mas também o auxiliou em questões pessoais, sendo a responsável por orientar sua internação para diminuir o vício em remédios.
Em áudios vazados de Michael em 2009, a admiração pela amiga foi ainda mais explorada; diversas fitas, gravadas entre 2000 e 2001 em sessões de terapia do ex-conselheiro espiritual do músico, Rabino Shmuley Boteach, registram a sensação de irmandade entre os artistas:
“Elizabeth Taylor é bem como uma criança. Não há o que você possa fazer quando ela diz: ‘Eu não quero fazer isso’. Quando saiu [o filme] Vida de Inseto, ela me perseguiu até conseguir ajustar minha agenda para podermos assistir esse desenho”, disse o cantor.
Se Michael a enxergava como uma mãe, Elizabeth tinha no amigo uma oportunidade para conhecer novos ares, esbanjando jovialidade. Além de acompanhar fisicamente o cantor durante a maioria da turnê Dangerous — contrariando os médicos — a atriz ainda realizou seu oitavo e último casamento em Neverland, tendo a cerimônia inteiramente financiada pelo Rei do Pop.
Pouco depois do casamento, em 1992, Taylor concedeu uma entrevista para a revista Lary Life, acrescentando muito elogios sobre a relação com o cantor: "Michael e eu nos amamos como um irmão e uma irmã. A imprensa o descreve como um estranho. Eles não poderiam estar mais errados. Ele é um paradoxo. Um empresário brilhante - e uma bela alma pura, instintiva e incólume. Um sonhador que faz as coisas acontecerem".
Quando o músico faleceu aos 50 anos, em 2009, Elizabeth manifestou estar de "coração partido" no Twitter, logo após a confirmação da notícia. Apesar da amizade, preferiu não comparecer ao funeral, buscando acompanhar da mesma maneira que os fãs ao redor do mundo fizeram. Dois anos depois, em 2011, Taylor faleceu aos 79 anos, em decorrência aos problemas de uma insuficiência cardíaca crônica.