Dietrich Bonhoeffer foi um dos grandes opositores do regime nazista; enforcado pelo Terceiro Reich, ele terá sua história contada em filme
Teólogo luterano, o alemão Dietrich Bonhoeffer foi um dos grandes opositores do regime nazista nos anos 1930 e 1940. Por liderar resistências alemãs contra o governo ditatorial de Adolf Hitler, acabou assassinado pelo Terceiro Reich na Segunda Guerra Mundial.
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A história do religioso foi adaptada no filme 'Bonhoeffer'. Produção da Angel Studios com distribuição da Paris Filmes, o longa chega aos cinemas brasileiros no próximo dia 12.
"Quando um pacifista é chamado para um ato político que pode mudar o curso da história, como reagirá um homem de honra? Esta é a verdadeira história de Dietrich Bonhoeffer, um homem que pregou o amor enquanto planejava o assassinato de um tirano malvado. Com riscos que abalam o mundo, Bonhoeffer — pastor, espião e assassino — levanta a questão: até onde você irá para defender o que é certo?", diz a sinopse da produção.
Conheça cinco fatos sobre Dietrich Bonhoeffer antes de assistir ao filme!
Filho de um psiquiatra neurologista da classe média, Dietrich Bonhoeffer nasceu na Breslávia (na época parte do império alemão e hoje território polonês) em 4 de fevereiro de 1906. Dietrich e sua irmã gêmea Sabineforam o sexto e o sétimo filhos de oito irmãos.
Desde pequeno, sua mãe, professora e neta do teólogo Karl von Hase, ofereceu a ele e seus irmãos uma educação humanitária e cristã. Mas o que lhe motivou a seguir os estudos da teologia foi a morte de seu irmão mais velho — de apenas 18 anos, durante a Primeira Guerra Mundial —, de quem recebeu uma Bíblia, que ficou sob sua posse até sua morte, aponta Eric Metaxas em 'Bonhoeffer'.
Após passar por cidades como Tübingen, Roma e Berlim, Dietrich Bonhoeffer obteve doutorado em teologia com apenas 21 anos, em 1927. Posteriormente, começou suas atividades como pastor em diversos países, como Espanha e Estados Unidos, mas retornou à Alemanha para lecionar na Faculdade de Teologia.
Quando Adolf Hitler chegou ao poder na Alemanha, em 30 de janeiro de 1933, a Igreja Evangélica Alemã se dividiu: principalmente pelos seguidores da doutrina nacional-socialista, que pregavam que os judeus faziam parte de uma raça inferior.
Com a dualidade de 'opiniões', em 1934 surgiu a Igreja Confessante, formada por dissidentes da Igreja Evangélica Alemã que se opunham ao nazismo. O grupo, obviamente, passou a ser perseguido pelo governo.
Assim, Dietrich deixou a Alemanha para pregar no Reino Unido, entre 1933 e 1935, mas voltou ao seu país natal e juntou forças ao lado de outros pastores e teólogos da Igreja Confessante — se tornando um representante do então movimento ecumênico protestante europeu. Mas mantendo suas atividades de forma clandestina.
Sendo um importante porta-voz no exterior da perseguição sistemática contra os judeus, Dietrich Bonhoeffer contactou a resistência alemã em 1938, após seu cunhado, Hans von Dohnanyi, o alertar sobre os planos de agentes da inteligência do Exército alemão para derrubar Hitler.
Dessa forma, ingressou no Abwehr — o serviço de informação do exército alemão, ativo de 1920 a 1945. Nessa época, o serviço era liderado pelo almirante Wilhelm Canaris; participante da resistência que tinha um plano para matar o Fürher.
Em meados de 1940, Dietrich Bonhoeffer viajou à Inglaterra em busca de convencer as forças Aliadas a apoiarem a resistência alemã, mas sem sucesso. Mesmo assim, sofreu represálias após a Gestapo fechar seu seminário e proibi-lo de pregar, escrever ou publicar qualquer tipo de conteúdo. Ele também era obrigado a relatar regularmente suas atividades à polícia, conforme aponta artigo do The New York Review of Books.
Dois anos depois, através do general Hans Oster, líder antinazista, apresentou ao Ministério das Relações Exteriores britânico uma série de propostas e termos de paz, mas o governo inglês rejeitou qualquer tipo de negociação.
Por essas e outras, acabou sendo acusado de subversão e foi preso em abril 1943. Após o atentado contra Hitlerfracassar no ano seguinte, foi conduzido ao campo de concentração de Buchenwald. Depois ainda foi encaminhado à Flossenbürg.
Ele foi executado no campo de concentração de Flossenbürg por enforcamento na madrugada de 9 de abril de 1945. Bonhoeffer foi despido de suas roupas e levado nu para o pátio de execução.