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Notícias / Austrália

Crianças australianas poderão ser condenadas à prisão perpétua? Entenda!

Em contramão ao restante do mundo, Queensland aprova lei do regime "crime adulto, tempo adulto", que pode prender menores infratores até perpetuamente

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 12/12/2024, às 09h31

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David Crisafulli, primeiro-ministro de Queensland, na Austrália - Getty Images
David Crisafulli, primeiro-ministro de Queensland, na Austrália - Getty Images

Nesta quinta-feira, 12, foi aprovado no parlamento estadual de Queensland, na Austrália, um projeto de lei no mínimo controverso que, segundo o primeiro-ministro do estado, David Crisafulli, colocará pressão sobre o já superlotado sistema de justiça juvenil, ao implementar a promessa eleitoral de "crime adulto, tempo adulto".

Vale mencionar que as prisões de Queensland já enfrentam problemas de superlotação há uma década, e agora, com o aumento drástico de sentenças máximas para menores infratores, opositores do projeto de lei demonstram preocupação com as condições "horrendas" das casas de vigilância da polícia.

Com a medida, Crisafulli admitiu que haveria "alguma pressão real" a curto prazo, mas, "a longo prazo, temos um plano para entregar uma série de outras instalações de detenção e diferentes opções", declarou no parlamento.

Com a aprovação das leis, que ainda deve ocorrer nas próximas semanas, crianças de até 10 anos que cometerem delitos designados como "crimes de adultos" — que incluem agressões graves, arrombamento e invasão e operação perigosa de um veículo — estarão sujeitas à mesma sentença que adultos. No caso de assassinatos, mesmo crianças devem receber sentença de prisão perpétua, com um mínimo de 20 anos sem liberdade condicional.

Críticas

Segundo o The Guardian, o governo de Queensland admite que essas leis são contrárias à tendência internacional de direitos humanos, sendo discriminatórias contra os jovens e que "terão um impacto maior nas crianças aborígenes e das ilhas do Estreito de Torres". Por isso, muitas pessoas manifestaram preocupação com a possível sobrecarga do sistema de justiça juvenil do estado, que já detém mais crianças que qualquer outro.

Entre figuras que condenaram o projeto de lei, está a presidente do Comitê das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, Ann Skelton, e o comissário de direitos humanos de Queensland, Scott McDougall, que o qualificou como "um grande passo na direção errada":

Estamos avançando conscientemente violando a Convenção da ONU Contra a Tortura contra crianças em qualquer outro contexto que seja chamado de abuso infantil. É isso mesmo que o público quer?", questionou publicamente à mídia australiana.

A decisão recente ainda é alvo de grande debate na Austrália, sendo defendida e criticada por diferentes grupos.