Estudo publicado no The Historical Journal explica como funcionavam as “leis suntuárias” na cidade de Gênova, Itália, durante o século 16
Um estudo publicado no The Historical Journal em setembro revela como funcionavam as “leis suntuárias” na cidade de Gênova, Itália, durante o século 16. Essas leis controlavam rigidamente o que a população podia vestir, limitando cores, tecidos e ornamentos para evitar excessos de luxo. A pesquisa foi conduzida por Ana Cristina Howie, historiadora da arte da Universidade Cornell, nos Estados Unidos.
Segundo Howie, as regras especificavam que apenas algumas cores de seda eram permitidas, como preto, branco, amarelo, verde e roxo. Já o veludo era aceito apenas se não tivesse estampas. “Você pode usar seda, mas apenas em um certo número de cores”, explica a pesquisadora, de acordo com o portal Galileu. Por outro lado, a lã era mais flexível, podendo ser usada em cores como rosa e porcelana.
Segundo a fonte, a aplicação das leis afetava desproporcionalmente as mulheres, restringindo-as mais do que os homens. “As mulheres eram vistas como mais facilmente tentadas à luxúria devido a constituições mais fracas, o que as levava mais facilmente à tentação’”, destaca Howie. A regulamentação voltada para os homens ocupava menos de uma página, enquanto as regras femininas se estendiam por três vezes esse tamanho.
Para investigar o tema, a pesquisadora analisou mais de 200 denúncias registradas em 1598. Um caso envolvia a filha de um nobre parada pelas autoridades por usar uma ungaresca (casaco com mangas) de seda amarela. Outro registro menciona um homem vestindo roupas de tafetá ricamente bordadas, contrariando as leis.
As punições incluíam multas aplicadas a homens e mulheres flagrados usando joias de ouro maciço. Embora a legislação visasse coibir o exibicionismo da elite, era mais comum ver mulheres penalizadas.
Howie também descobriu que as autoridades responsáveis por criar essas leis eram parte de uma elite de cerca de mil nobres que, ironicamente, consumiam os mesmos artigos proibidos. “Havia um escritório dedicado à regulamentação do luxo, composto pelos nobres que — eu sei porque vi seus inventários — também estavam consumindo todas as coisas que eles diziam ser proibidas”, comenta a historiadora.
A pesquisadora agora prepara um livro sobre como as mulheres de Gênova enfrentaram essas restrições, encontrando maneiras de expressar sua cultura material apesar das leis severas.
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