No ano de 2010, a captura de uma lula macho ajudou cientistas a entenderem a reprodução desses animais
Durante muito tempo, informações sobre a reprodução de cefalópodes que vivem no fundo dos oceanos, foram escassas. Porém, a descoberta de uma equipe de biólogos do Reino Unido no ano de 2010 começou a mudar esse cenário.
Ao encontrarem uma lula macho da espécie Onykia ingens, os profissionais perceberam que o espécime tinha o pênis ereto, o qual, surpreendentemente, era quase do tamanho do corpo do animal. A partir da descoberta, os profissionais puderam obter novas conclusões sobre o molusco, as quais foram divulgadas por meio de artigo publicado no Journal of Molluscan Studies.
Pouco após a publicação do estudo, Alexander Arkhipikin, biólogo marinho e especialista em peixes de águas profunda, concedeu uma entrevista à BBC na qual tratou sobre o tema. Segundo informou o portal O Globo, o especialista afirmou que a lula foi capturada durante um cruzeiro de pesquisa.
"A lula adulta foi recolhida durante um cruzeiro de pesquisa em uma área da Patagônia. Tiramos o animal da rede, ele estava moribundo, com braços e tentáculos ainda se movendo, e cromatóforos na pele se contraindo e expandindo" disse Arkhipikin na época.
"Quando abrimos o manto da lula para avaliar sua idade, testemunhamos um fato incomum. O pênis da lula, que havia se estendido apenas um pouco além da margem do manto, de repente se tornou ereto e se alongou rapidamente até um total de 67 centímetros, quase o mesmo tamanho do animal."
Pouco se sabe sobre a reprodução de cefalópodes que vivem em águas profundas. Há muito mais informações sobre as espécies que vivem em águas rasas, o que incluem alguns tipos de lulas, além de polvos e sépias.
Conforme apontou o biólogo, a parte mais característica do corpo dessa classe de animais é a estrutura fechada, muito semelhante a um capuz, a qual é denominada manto.
A estrutura, além de proteger seu sistema de excreção e seus órgãos sexuais, é utilizada para a locomoção, realizada por meio de um mecanismo de propulsão. Curiosamente, ao mesmo tempo, os cefalópodes precisam resfriar o manto para respirar.
Segundo a fonte, os cefalópodes de água rasa, que possuem pênis curtos, desenvolveram um braço especial para auxiliar na reprodução.
O órgão reprodutor produz "pacotes" de espermatozoides, conhecidos como espermatóforos. Estes são transferidos para o receptáculo da fêmea, localizado na pele ou na cavidade interna do animal, a partir da utilização do braço modificado.
Entretanto, até o momento da descoberta da lula com pênis longo, os cientistas não sabiam como esse processo era realizado entre as espécies de água profunda, uma vez que elas não possuem braços modificados.
"A gente tinha apenas suspeitas de como isso poderia ocorrer em águas profundas", declarou Arkhipkin à BBC na época. "Acreditava-se que elas lançavam os espermatóforos à distância, para que alcançassem as fêmeas", mas a hipótese foi descartada após a captura da lula da espécie Onykia ingens.
"Obviamente, um pênis fortemente alongado é a solução", afirmou o biólogo. Segundo ele, os espermatozoides são injetados pelo macho diretamente no corpo da fêmea, evitanto eles sejam levados pela água.
Confira o estudo completo por meio deste link.