O casal Ilya Lichtenstein e Heather Morgan foi responsável pelo roubo de 4,5 bilhões de dólares em criptomoeda; história é contada em nova produção!
O casal Ilya Lichtenstein e Heather Morgan foi preso em 2022, em Nova York, após uma investigação de anos ligar eles até o caso de um roubo bilionário de bitcoins. Em 2016, eles arquitetaram e foram bem sucedidos no furto de 4,5 bilhões de dólares em criptomoeda.
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A saga do casal é contada no novo filme documentário da Netflix, 'Roubo Cibernético: Bilhões em Bitcoins', que relembra o roubo quase perfeito e dá mais detalhes sobre as artimanhas de Lichtenstein e Morgan, que ficaram conhecidos como 'Bonnie e Clyde do Bitcoin'. Saiba mais!
Conforme recorda matéria da BBC, antes de ser presa, Heather Morgan se passava por rapper e dizia atuar como empresária na área de tecnologia. Nas redes sociais, enquanto seus crimes eram investigados, ela ficou conhecida pelo nome artístico de Razzlekhan.
Nas letras de suas músicas, Razzlekhan gostava de ostentar ser uma "durona que faz muito dinheiro". Com clipes gravados nos arredores de Nova York, as músicas com rimas cheias de palavras obscenas também exaltavam a "crocodilo de Wall Street".
Razzlekhan também sabia trabalhar com sua imagem, se vendendo como uma bem-sucedida empresária do ramo tecnológico. Com todo sua expertise, ela chegou a publicar diversos artigos em revistas de renome do mercado financeiro, como a Forbes.
Mas a "economista, empreendedora em série, investidora na área de softwares e rapper", como ela mesmo se descrevia, era apenas era um personagem usado para a lavagem de dinheiro que ela e o marido faziam para tornar 'legal' os 4,5 bilhões de dólares em bitcoins que eles haviam roubado anos antes.
Quando o roubo aconteceu, num ataque hacker em 2016, os bitcoins eram avaliados em cerca de 71 milhões de dólares (R$ 344 milhões). Já na época da prisão, o montante de 119 mil bitcoins já havia valorizado para 4,5 bilhões de dólares (R$ 21,8 bilhões, na conversão da época). Mas como eles conseguiram isso?
O golpe ocorreu contra a exchange chinesa Bitfinex; o que fez as ações da criptomoeda despencarem em mais de 20% naquela época. Tudo começou após Ilya descobrir um hack no sistema da empresa, que permitia que ele fizesse transações ilegais dentro da plataforma.
Heather só descobriu a fraude cerca de três anos depois, quando passou a agir como cúmplice do marido. Durante o julgamento, documentos detalham que eles conseguiram transformar os milhões de dólares em bitcoins roubados em dinheiro tradicional, graças a técnicas sofisticadas para evitar detecção da origem do valor.
Mas tudo veio por água abaixo por conta de um deslize: eles passaram a comprar cartões-presente do Walmart com o dinheiro roubado. Para isso, eles precisavam colocar dados cadastrais de suas respectivas contas bancárias. Naquela altura, as autoridades já investigavam o caso e com essas transações conseguiram rastrear o dinheiro até a conta de Heather
"A polícia conseguiu ligar os vouchers da Walmart à parte do dinheiro roubado no ataque hacker contra a Bitfinex, o que levou ao avanço da investigação", explicou Jonathan Levin, fundador da Chainalysis, empresa de investigação de criptomoedas que esteve envolvida nas buscas, em entrevista à BBC.
Comprar cartões-presente e movimentar o dinheiro entre diferentes corretoras e diferentes criptomoedas nunca criou realmente a quebra de rastreabilidade que o casal desejava," apontou.
Dessa forma, em 2022, eles foram detidos pela maior apreensão de criptomoedas já realizada por autoridades americanas e a maior apreensão financeira única na história do Departamento de Justiça dos EUA.
Quando as autoridades chegaram no apartamento de Lichtenstein e Morgan, em Manhattan, Nova York, eles se depararam com livros falsos com compartimentos para esconderem celulares.
Os investigadores também acharam aparelhos descartáveis e outros dispositivos, como pen drives, com informações sobre o esquema. Também foi apreendido a quantia de 40 mil dólares em dinheiro vivo.
Uma planilha decodificada pelos policiais mostradetalhes dos métodos que o casal utilizava para lavar o dinheiro ilegal; o que permitiu que quase toda a quantia subtraída fosse recuperada.
O casal tinha planos de fugir para a Rússia, país natal de Ilya, onde viveriam uma vida de bilionários. No entanto, em novembro desse ano, Ilya Lichtenstein foi condenado a cinco anos de prisão por lavagem de dinheiro. Já Heather foi condenada a um ano e meio de detenção ajudá-lo.