Estrelado por Selton Mello e Matheus Nachtergaele, os eternos Chicó e João Grilo, 'O Auto da Compadecida 2' estreia em 25 de dezembro nos cinemas
Publicado em 15/12/2024, às 12h00 - Atualizado em 18/12/2024, às 15h43
O Natal deste ano ganhará o clima de cordel. Afinal, no próximo dia 25 de dezembro estreia nos cinemas de todo o Brasil 'O Auto da Compadecida 2'. Estrelado por Matheus Nachtergaele e Selton Mello, de volta aos papéis de João Grilo e Chicó, respectivamente, a história se passa 25 anos depois do filme clássico de 2000.
"Esse reencontro foi mais surpreendente do que eu poderia imaginar. Chorei ao rever o chapéu original do João Grilo que estava guardado com o Cao [figurinista do primeiro filme]. Foi lindo sentir o retorno, o carinho e a expectativa do público desde que a ideia foi anunciada", disse a diretora Flávia Lacerda em entrevista à equipe do Aventuras.
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Ao contrário do filme de 2000, que foi uma adaptação de uma história escrita por Ariano Suassuna, 'O Auto da Compadecida 2' foi criado sem uma sequência escrita de fato pelo dramaturgo brasileiro. Mesmo assim, se mantém fiel ao universo criado por ele, explorando contos como 'Farsa da Boa Preguiça'.
"Bebemos na própria fonte do universo de Ariano, bastante imagético, ibérico, com uma cultura mais bizantina, medieval", destacou Flávia à AH. "Mais do que retratar a cultura nordestina, buscamos identificar os elementos universais dessa cultura".
"'O Auto' é um filme essencialmente brasileiro e pop ao mesmo tempo. Ele rompe com os paradigmas do naturalismo sertanejo. É divertido, romântico e mantém uma dimensão espiritual acalentadora", continua ela.
Já Guel Arraes, codiretor do filme, destaca a relação próxima que teve com Ariano em vida, visto que ele e seu pai eram vizinhos. "Eu fazia visitas ao Ariano pelo menos uma vez por ano e conversávamos bastante. Para fazer o segundo filme, reli as pesquisas que já havia feito para o primeiro filme sobre comédias clássicas e sobre histórias da tradição nordestina".
O método que Ariano usou para escrever 'O Auto da Compadecida' é muito interessante porque ele pega vários folhetos de cordel e junta numa só obra. Molière e Shakespeare também fizeram isso", explica. Vale ressaltar que ‘O Auto da Compadecida 2’ é uma produção aprovada pela família de Ariano Suassuna.
'O Auto da Compadecida' foi uma peça escrita por Ariano Suassuna em 1955. E o título já diz muito sobre a obra. Afinal, conforme recorda a Superinteressante, 'Auto' é o nome dado às peças teatrais que surgiram na Espanha durante a era medieval.
Geralmente como um linguajar mais simplista, os 'Autos' compreendem textos cômicos e seus personagens que representam anjos e demônios; e virtudes e pecados. Geralmente, o intuito da peça é passar para o público algum ensinamento moral ou até mesmo religioso. Características visíveis no filme de 2000.
Entretanto, 'O Auto da Compadecida' se diferencia por apresentar a cultura nordestina. Nascido na Paraíba, Ariano Suassuna foi criado no Pernambuco e apresenta em suas obras características do cordel, introduzindo todo seu regionalismo e também o catolicismo brasileiro.
'O Auto da Compadecida' segue as aventuras de Chicó e João Grilo, dois sujeitos simples do interior que vivem enganando um grupo de pessoas em uma pequena cidade da Paraíba. Após ele morrerem, acabam sendo julgados antes de entrar no paraíso — tendo o Diabo como acusador, Nossa Senhora como advogada e Jesus como juiz.
Já 'O Auto 2' se passará mais de duas décadas depois, com João Grilo retornando à Taperoá, onde se tornou uma celebridade local por ter 'ressuscitado'. Na pobre cidade, ele acaba sendo disputado como cabo eleitoral por dois políticos locais poderosos.
"Fizemos uma passagem de tempo dos anos de 1930 do primeiro filme para anos de 1950. É o início da modernização, do rádio, das compras em massa, do êxodo do nordeste para o sudeste. Isso tudo aparece no 'Auto 2', agora com pérolas e gags (fragmentos) de Ariano extraídas de outros trabalhos", aponta Guel à AH.
Além de Chicó e João Grilo, outros poucos personagens voltam para 'O Auto 2', conforme revelou o ator Matheus Nachtergaele em entrevista à revista Quem: "Da série e do filme original voltam poucos porque todo mundo morre. Volta João Grilo e Chicó, a Rosinha aparece e o Joaquim Brejeiro, que é aquele cangaceiro, o ajudante do Marcos Nanini que assassina o João Grilo, ele volta também. Os atores são Virgínia Cavendish e o Enrique Diaz".
Outros nomes confirmados no elenco são Taís Araújo (que viverá Nossa Senhora, a 'Compadecida', no lugar de Fernanda Montenegro), Eduardo Sterblitch (como Arlindo), Humberto Martins (Coronel Ernani), Fabíula Nascimento (Clarabela), Luís Miranda (Antônio do Amor), entre outros.
"A personagem Clarabela é da 'Farsa da Boa Preguiça', peça escrita por Ariano em 1960. O Chicó vira um contador de histórias, um poeta. Essa ideia também é inspirada na 'Farsa da Boa Preguiça'", explica Arraes sobre a referência de outras obras de Suassuna para a criação do segundo filme.
Além dos personagens, outro ponto marcante de 'O Auto da Compadecida' é sua trilha sonora. Afinal, é impossível escutar a 'Presepada', do grupo SaGrama, sem se lembrar de João Grilo.
Para 'O Auto 2', uma novidade: o filme contará com uma música inédita de Maria Bethânia, que será tema de Nossa Senhora Aparecida, personagem de Taís Araújo.