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Matérias / Arqueologia

O fim do mistério de 3 mil anos sobre a múmia de uma mulher egípcia

Uma tomografia ajudou estudiosos a resolver o mistério por trás de uma múmia de uma mulher que viveu no Egito Antigo; relembre

Redação Publicado em 15/12/2024, às 13h00

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Registro de uma das múmias analisadas - Morgan Clark, Museu Field
Registro de uma das múmias analisadas - Morgan Clark, Museu Field

O complexo ritual de mumificação praticado no Antigo Egito, que podia se estender por um período de até 70 dias, envolvia uma série de procedimentos meticulosos. Entre eles, a remoção dos órgãos internos, com exceção do coração, considerado o centro da alma.

Recentemente, pesquisadores do Museu de História Natural Field, localizado em Chicago, realizaram uma análise detalhada de múmias egípcias, utilizando tecnologia de tomografia computadorizada (TC) que não danifica os artefatos, repercute a CNN.

No mês de setembro, a equipe científica transportou 26 múmias em exibição para um estacionamento do museu, onde foram submetidas a exames com tomografia móvel. O processo resultou em milhares de raios-X que, ao serem sobrepostos, geraram imagens tridimensionais dos esqueletos e dos objetos encontrados em seu interior.

Essas descobertas têm proporcionado uma nova compreensão das práticas funerárias que datam de mais de 3 mil anos e oferecem pistas sobre o que os egípcios consideravam essencial para a vida após a morte.

JP Brown, conservador sênior de antropologia do museu, destacou que, embora o exame por tomografia tenha levado cerca de quatro dias, o processamento e análise das imagens tridimensionais poderão levar até três anos.

A exposição "Por Dentro do Antigo Egito" tem sido uma das mais visitadas no museu e apresenta uma réplica em três andares de uma tumba conhecida como mastaba. Esta estrutura abriga 23 múmias humanas e mais de 30 múmias animais datadas aproximadamente de 2400 a.C.

Os antigos egípcios acreditavam que a alma permanecia ligada ao corpo após a morte. Para preservar essa conexão espiritual, os embalsamadores utilizavam técnicas complexas para mumificar os corpos.

O processo incluía a secagem com sal e o envolvimento em linho, frequentemente com inscrições de orações ou amuletos protetores adicionados. O sepultamento cerimonial era considerado o passo final na jornada para o além.

Práticas diferentes

Os órgãos removidos durante a mumificação eram guardados em frascos canópicos decorados com representações dos quatro filhos do deus Hórus, cada um responsável pela proteção de um órgão específico. Novas tomografias, no entanto, revelaram práticas diferentes entre os embalsamadores; alguns optaram por reintroduzir pacotes contendo órgãos nas próprias múmias.

De acordo com Brown, o conceito egípcio da vida após a morte se assemelha à ideia contemporânea de planejamento financeiro para aposentadoria: uma preparação meticulosa ao longo da vida para garantir um futuro confortável no além.

A prática da mumificação não era comum entre todos os egípcios; estava predominantemente associada às classes sociais mais elevadas. O sepultamento dos faraós era comparável ao status dos automóveis modernos luxuosos. Lady Chenet-aa é um exemplo notável dessa prática.

Ela viveu há cerca de 3 mil anos e as novas digitalizações permitiram aos cientistas estimar sua idade na época da morte entre 30 e 40 anos. Os exames dentários indicaram que sua dieta continha grãos de areia que afetaram seu esmalte dental.

Durante o processo funerário, foram inseridos enchimentos na traqueia da múmia para evitar colapsos no pescoço e olhos artificiais foram colocados em suas órbitas para assegurar que ela tivesse visão na vida após a morte. Brown explicou que essas adições eram extremamente literais: se desejava olhos, era necessário incluir próteses físicas ou representações deles.

Lady Chenet-aa foi envolta em finas camadas de linho antes de ser colocada em um sarcófago de cartonagem decorado, uma estrutura semelhante ao papel machê. No entanto, o que mais intriga os especialistas, é a forma como seu corpo foi inserido na caixa funerária, que apresenta características incomuns.

Os pesquisadores se depararam com um enigma: não existiam costuras visíveis e a única abertura encontrada, localizada nos pés, era insuficiente para permitir a introdução do corpo. Esse enigma tem desafiado os cientistas, que continuam suas investigações sobre as complexas técnicas utilizadas para acomodar o corpo de forma meticulosa e sem causar danos aparentes.

Recentes digitalizações revelaram aspectos inéditos do sarcófago, mostrando que sua parte inferior foi cuidadosamente fechada com cordas na parte traseira e revestida com gesso, criando uma aparência uniforme e sem costuras, conforme explicado pelo especialista JP Brown.

A equipe responsável pela análise sugeriu que os embalsamadores posicionaram a múmia em pé e utilizaram umidade para amolecer o sarcófago, permitindo que este se moldasse com precisão ao redor do corpo. Um corte foi feito na parte posterior para facilitar a inserção da múmia, que foi posteriormente fechada e atada.