Múmia de um filhote de tigre-dente-de-sabre (Homotherium latidens) possibilitou análises surpreendentes para especialistas
A análise de um filhote mumificado da espécie Homotherium latidens, popularmente conhecido como tigre-dente-de-sabre, trouxe à tona características morfológicas que eram impossíveis de serem identificadas apenas através dos fósseis. Essa pesquisa tem contribuído para elucidar lacunas sobre este emblemático animal da Era do Gelo.
O corpo parcialmente preservado do felinofoi encontrado em 2020, sob o permafrost da região de Yakutia, localizada no extremo leste da Sibéria, Rússia. A descoberta ocorreu às margens do Rio Badyarikha, na República de Sakha.
Desde a sua descoberta, o filhote foi objeto de estudo por uma equipe de pesquisadores russos, que publicaram suas descobertas em um artigo na revista Scientific Reports, divulgado no último mês de novembro. O artigo detalha a metodologia e as observações realizadas ao longo das investigações.
Durante a escavação do corpo mumificado, os cientistas descobriram que o exemplar consistia em uma cabeça, parte frontal do corpo e ossos dos quadris e membros posteriores. A análise indica que o tigre-dente-de-sabre teria alcançado aproximadamente 35 cm de comprimento quando completo. A datação por carbono revelou que o filhote viveu há cerca de 31.800 anos, posicionando-o no Pleistoceno Tardio.
Os registros fósseis indicam que durante esse período, felinos dessa espécie estavam presentes na Europa e na Ásia. Além disso, a pesquisa esclareceu uma dúvida antiga sobre a visibilidade dos caninos dos Homotherium em vida.
Especialistas levantaram a hipótese de que os lábios e a pele ao redor das mandíbulas poderiam cobrir os dentes quando a boca estava fechada. Embora o filhote ainda fosse jovem para apresentar essa característica claramente, seus lábios demonstraram ser significativamente mais profundos em comparação aos leões atuais, corroborando a ideia de que os caninos podiam ficar ocultos.
Dentre as características anatômicas do animal, destaca-se a presença de tufos longos e claros de pelo, que se estendem para trás e para baixo a partir dos cantos da boca. Isso sugere que tal peculiaridade poderia ser ainda mais pronunciada em adultos da espécie, possivelmente assemelhando-se à aparência de uma barba cobrindo parte da mandíbula inferior.
A coloração marrom-escura da pelagem do filhote não deve ser interpretada como uma indicação da cor dos adultos. Em várias espécies modernas, como a hiena-malhada, indivíduos jovens podem ter pelagem escura enquanto os adultos apresentam coloração mais clara e manchada.
A exploração mais aprofundada das características dos tigres-dente-de-sabre só poderá ser realizada com a descoberta de um adulto mumificado. No entanto, as mudanças climáticas atuais estão provocando o derretimento do permafrost, aumentando as chances de novas descobertas nos próximos anos.