Identificada como "Takerheb", múmia que teve face reconstruída seria de princesa do Reino de Kush, morta há 2,5 mil anos; confira!
Publicado em 31/10/2024, às 09h50
Recentemente, o antropólogo craniofacial Chris Rynn chamou atenção ao, a partir de técnicas de modelagem virtual, reconstruir digitalmente o rosto de uma mulher sudanesa do antigo reino de Kush, que faleceu há cerca de 2,5 mil anos e foi mumificada. Identificada como "Ta-Kr-Hb", ou "Takerheb", a múmia que serviu para o estudo pode ter pertencido a uma princesa ou sacerdotisa.
Para a reconstrução, conforme repercute a Revista Galileu, foram utilizadas técnicas de aproximação forense a partir de imagens de raio-x do crânio da múmia e, com softwares digitais, foram adicionados músculos e tecidos moles ao rosto. Hoje a múmia faz parte do acervo do Museu Perth, da Escócia, e estima-se que ela viveu até entre os 30 e 40 anos — porém, a datação é dificultada, pois, como ela sofreu com muitas cáries, seus dentes não puderam ser bem analisados.
Vale ressaltar que, no modelo em 3D, a mulher foi representada sem cabelos, pois "os registros históricos indicam que cada pelo do corpo teria sido retirado para o embalsamento de uma sacerdotisa; era uma questão cerimonial e de higiene. Se ela fosse uma princesa, teria provavelmente raspado a cabeça também, mas ela poderia ter usado uma peruca cerimonial", conforme explica Chris Rynn ao The Guardian.
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Ainda ao The Guardian, Rynn destaca que, curiosamente, a mulher mumificada descoberta não era a mesma retratada entalhada em seu sarcófago: "O formato do crânio da mulher não se parecia com nenhum dos antigos egípcios que eu já havia visto. Normalmente, os crânios keméticos [pertencentes ao Egito Antigo] são longos, com narizes estreitos e mais proeminentes", explica.
Foi então após medições mais detalhadas que membros do Museu Perth notaram que as características físicas daquela mulher eram, na verdade, muito parecidas com as dos crânios dinka, do antigo reino de Kush. Logo, foi constatado que ela provavelmente era uma princesa ou sacerdotisa desse antigo reino, que existiu no atual território do Sudão.
Os kushitas, vale mencionar, controlaram o Alto Egito nas 25ª e 26ª dinastia, justamente a época da qual a mulher é datada, o que ajuda a entender a localização de seu túmulo. A múmia está no Museu Perth desde 1936, e antes pertenceu a um empresário de Alloa. Antes de ser vendida a ele, provavelmente ela foi descoberta no fim do século 19 em Akhmim, uma parada comum no Nilo para viajantes que passavam pela região.