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Matérias / Esportes

Atalho para a glória: A trapaça que fez Rosie Ruiz vencer a Maratona de Boston

“Eu me levantei com muita energia esta manhã”, disse após superar mais de 400 outras competidoras e bater importante recorde. Porém, ela correu pouco mais de 1 quilômetro dos 42 que a prova tem

Fabio Previdelli Publicado em 18/04/2021, às 08h00

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Rosie Ruiz após ganhar a prova - Divulgação/ YouTube/ JOG ON
Rosie Ruiz após ganhar a prova - Divulgação/ YouTube/ JOG ON

A Maratona de Boston é a corrida anual mais antiga do mundo, sendo considerado um dos eventos de rua mais conhecidos do mundo, conforme aponta atrigo publicado pela Associação Atlética de Boston, em 2014. 

Sua primeira edição aconteceu em 19 de abril de 1897. No entanto, as mulheres só foram autorizadas a participar do circuito 75 anos depois, em 1972, segundo explica matéria do History. A 84ª edição da maratona, em 1980, por sua vez, ficou marcada como uma das mais polêmicas de todas, principalmente pela farsa de Rosie Ruiz

Linha de chegada da maratona de Boston em 1910/ Crédito: Wikimedia Commons

Na ocasião, ela terminou a prova em 2 horas 31 minutos e 56 segundos, um recorde. Porém, apesar de receber uma medalha, uma coroa de louros e uma um troféu de prata, sua vitória não foi tão merecedora como pareceu.

Por trás de uma história vencedora 

Assistente administrativa na cidade de Nova York, Rosie conseguiu uma vaga na 84ª edição da Maratona de Boston após ficar em 11º lugar na competição que aconteceu na Cidade de Nova York.  

Seu feito havia sido tão importante que seu chefe, inclusive, como aponta matéria publicada pelo History, se ofereceu para pagar sua viagem de Nova York para Boston. Naquele ponto, ainda ninguém esperava o que ela seria capaz de fazer.  

Naquele fatídico 21 de abril de 1980, ela apareceu sozinha para vencer a categoria feminina com o tempo de 2 horas 31 minutos e 56 segundos, o mais rápido já feito por uma mulher na prova e o terceiro mais rápido entre todas as competições, segundo explica matéria da Sports Illustrated.  

Porém, algumas suspeitas começaram a surgir. A primeira delas levantada por Bill Rodgers, que venceu na categoria masculina, que notou que Rosie não se lembrava de muitas coisas que a maioria dos corredores tinha em mente, como intervalos e divisões, como descreve Bill Burt em "Rosie’s Run". 

Outras pessoas notaram que Ruiz também não estava tão ofegante ou coberta de suor como qualquer corredor estaria, tampouco que suas coxas eram tão musculosas e seu físico fosse tão atlético como seria o esperado de um atleta de tal calibre.  

Além disso, seu tempo de 2:31:56 foi uma melhora incomum, mais de 25 minutos a menos do que o tempo que ela fez na Maratona de Nova York, realizada seis meses antes. Quando questionada por um repórter por que ela não parecia cansada após a corrida exaustiva, ela disse: "Eu me levantei com muita energia esta manhã”, diz matéria do The Times. 

Algumas competidoras acharam estranho que, quando questionada sobre se ela havia notado algo de diferente no subúrbio de Wellesley, enquanto corria por lá, Ruiz acabou não mencionando as alunas do Wellesley College — que tradicionalmente torcem calorosamente pelas primeiras corredoras quando elas passam pelo campus.  

Alunas do Wellesley College apoiando os competidores/ Crédito: Wikimedia Commons

Como se já não bastasse, nenhuma outra corredora se lembrava de tê-la visto durante a competição. A eventual vencedora, a canadense Jacqueline Gareau, foi informada de que estava liderando a corrida na marca de 18 milhas, enquanto Patti Lyons, que ficou em segundo, foi informada de sua posição um pouco antes, relata a Sports Illustrated.  

Além disso, ela não apareceu em nenhuma foto ou vídeo. Dois estudantes de Harvard, John Faulkner e Sola Mahoney, lembram-se de ter visto Ruiz sair do meio de uma multidão de espectadores na Commonwealth Avenue, a oitocentos metros do final. Ela havia utilizado um metrô para chegar tão rápido até ali, correndo apenas um quilômetro e meio durante toda a prova que possui mais de 42.  

Resultado alterado 

Cerca de uma semana depois, a Boston Athletic Association (BAA) desqualificou Ruiz da Maratona de Boston. Assim, Gareau foi declarada a vencedora feminina, com o tempo de 2 horas 34 minutos 28 segundos, na época, o mais rápido registrado para uma mulher na Maratona de Boston, como aponta a Associated Press. 

Já Lyons foi movido para o segundo lugar. Seu tempo de 2:35:08 foi o mais rápido já registrado por uma mulher americana em uma maratona até aquele momento, de acordo com a Running Times. 

Rosie na reta final da corrida/ Crédito: Divulgação/ YouTube/ JOG ON

Segundo o History, nunca se soube, de fato, o motivo de Rosie Ruiz ter trapaceado. Muitos dizem que sua intenção era apenas chegar em uma posição melhor, por isso cortou caminho, porém, acabou errando os cálculos e voltou já na reta final da competição, sem perceber que estava à frente das outras 448 competidoras. 

Anos depois, em 1982, ela acabou sendo presa por desviar cerca de 60 mil dólares da imobiliária onde trabalhava. Rosie passou uma semana detida e foi condenada a cinco anos de liberdade condicional, segundo a AP, que também informou que no ano seguinte Ruiz voltou ao cárcere depois de ser flagrada vendendo cocaína. 

Em 2000, como conta o The Eagle-Tribune, ela ainda afirmava ter corrido toda a Maratona de Boston de 1980. No entanto, meses depois, um conhecido dela, Steve Marek, disse que Rosie admitiu que havia trapaceado, lembrando que "ela saltou da multidão, sem saber que a primeira mulher ainda não havia passado. Acredite em mim, ela ficou tão chocada quanto qualquer outra pessoa”. Rosie Ruiz morreu em decorrência de um câncer aos 66 anos, em 8 de julho de 2019. 


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