Em 1904, um atleta encontrou uma maneira nada convencional de vencer a maratona
Substâncias para aumentar a força e a resistência física fazem parte das
Olimpíadas desde a primeira de que se tem registro, em 776 a.C.
Relatos do escritor grego Philostratus diziam que os atletas do santuário de Olímpia, que deu nome ao campeonato, bebiam chás com ervas e comiam cogumelos para alcançar maior rendimento nas competições.
Na era moderna, o doping também acompanhou os atletas. Em 1896, corredores e ciclistas valiam-se de cocaína, efedrina e estricnina em forma de pequenas esferas, chamadas de “bolinhas”, para melhorar o rendimento. Nessa época, o doping era visto com maus olhos, mas não era proibido.
A efedrina, por exemplo, já era conhecida na China desde 2700 a.C. A droga era obtida a partir da infusão de ma-huang, uma erva do gênero Ephedra, que reúne as plantas com
concentrações da droga.
Como a substância é descongestionante, reduz a fome e produz uma sensação relaxante, era usada pelos camponeses chineses no trabalho, para diminuir a sensação de cansaço. Outra droga que já foi usada para o trabalho é a estricnina.
Isso mesmo: a mesma substância usada como veneno de rato é considerada, em doses menores, um tônico muscular.
Em 1904, na Olimpíada de Saint Louis, o americano Thomas Hicks ganhou a maratona com a ajuda de ovos crus, conhaque e injeções de estricnina que lhe eram aplicadas durante a corrida.
Depois da Segunda Guerra, o uso de anfetaminas e esteroides anabolizantes começou a ser disseminado pelos jovens soldados que se tornaram atletas. Eles conheciam bem essas substâncias.
A primeira delas era usada no front para diminuir a fome, a sede e o cansaço. Já a segunda foi muito usada no pós-guerra, para recuperar a massa muscular de prisioneiros desnutridos.
Drogas e esporte
A cafeína talvez seja o estimulante mais usado no mundo. Até os jogos de 2000, em Sydney, uma quantidade acima de 12 microgramas por mililitro de urina (cerca de quatro xícaras de café) era considerada doping.
Mas, por falta de estudos comprovando seu benefício nas competições, ela foi retirada da lista de substâncias proibidas.
Um vinho batizado de Vin Mariani era bem popular entre os ciclistas no final do século 19. Produzida por um alquimista da Córsega, a bebida levava folhas de coca em sua composição.
Já nas décadas de 1970 e 1980, os nadadores adotavam um doping inusitado: recebiam ar comprimido pelo ânus minutos antes da competição. Para flutuarem melhor na água.