Morto oficialmente por uma infecção generalizada, Yasser Arafat tinha uma lista de inimigos que despertou teorias
Os conflitos no Oriente Médio sempre estimularam teorias conspiratórias, e a morte de Yasser Arafat, ex-presidente da Autoridade Nacional Palestina, não poderia ser diferente. Símbolo da luta contra a ocupação israelense, o mais importante líder palestino – estava à frente da ANP desde 1969 – morreu em novembro de 2004, aos 75 anos, depois de passar 14 dias internado num hospital militar na França.
Laudos médicos oficiais informaram apenas que a morte foi consequência de falência múltipla de órgãos. Porém, teorias conspiratórias falam em leucemia, câncer, inflamação do sistema digestivo, envenenamento e até Aids.
Arafat tinha em seu currículo um prêmio Nobel da Paz, mas também era visto como um obstáculo para a paz no Oriente Médio. Na época, a lista de interessados em sua morte era extensa e poderosa, incluindo Estados Unidos e Israel.
A morte
Arafat estava em sua casa, em Ramallah, Cisjordânia, quando começou a sentir fortes dores no estômago. Devido à complicações no seu tratamento, foi transferido para o Hospital Militar de Percy, na França, e veio a falecer poucos dias depois.
Apesar de oficialmente sua morte ter sido em decorrência de uma falência múltipla de órgãos, o biógrafo de Arafat, Amnon Kapeliouk, levantou a possibilidade do representante da Palestina ter sido envenenado pelo serviço secreto de Israel. A tese foi defendida por uma pessoa próxima a Arafat: sua esposa.
Envenenamento
A história parecia ter sido esquecida, no entanto, em 2012, o Instituto de Radiofísica do Hospital Universitário da Universidade de Lausanne, na Suíça, trabalhou 9 meses analisando materiais biológicos de Arafat, e encontrou uma alta presença de polônio 210.
O elemento químico em questão é altamente radioativo. Depois que o resultado da pesquisa foi publicado, a rede de televisão árabe Al Jazeera noticiou amplamente o caso, afirmando ser possível que o representante político tivesse sido morto por envenenamento com material radioativo.
Israel prontamente negou qualquer envolvimento na morte do líder. Assim, o corpo de Yasser foi exumado no mesmo ano a pedido do presidente palestino, Mahmoud Abbas, para que fosse testado o nível de polônio no corpo do homem. O relatório teria apontado um nível maior do que o considerado 'seguro' em um corpo humano.
Investigações
Nessa mesma época, a França formulou uma equipe de investigação que cuidaria unicamente da morte do líder palestino. Isso aconteceu logo depois da viúva de Yasser, Suha Arafat, ter apresentado uma queixa de assassinato de seu marido em território francês, culpando o estado por não ter fornecido segurança necessária para o mesmo.
No entanto, em 2015, os magistrados franceses responsáveis pelo caso decidiram descartar a denúncia apresentada pela viúva por faltas de provas. Os advogados de Suha afirmam que a morte compreende um assassinato político, no entanto, peritos da França que identificaram a presença de polônio no corpo de Yasser constataram que a presença dos materiais químicos poderia ter sido de “caráter ambiental”.
Assim, os cientistas franceses responsáveis pelo laudo definiram que Arafat morreu após uma infecção generalizada, descartando a hipótese levantada por cientistas da Suíça.
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