O quadro 'Independência ou Morte', de Pedro Américo, retrata o momento da proclamação da Independência do Brasil; mas não perfeitamente
No próximo dia 7 de setembro, será comemorado finalmente os 200 anos da Independência do Brasil, proclamada por Dom Pedro I em 1822. No entanto, apesar de sempre se ver o quadro 'Independência ou Morte', do artista Pedro Américo, acompanhando pesquisas e matérias sobre o evento histórico, a obra possui algumas imprecisões com relação ao fato.
Provavelmente, quando se imagina como ocorreu o 'grito da Independência', muitas pessoas pensam em Dom Pedro I, acompanhado de um grande número de membros da guarda imperial, montado em um belo cavalo, todos com espadas levantadas e bem vestidos com uniformes militares. Porém, historiadores já comprovaram que o momento não ocorreu exatamente assim.
Um dos motivos pelo qual existe divergência entre a obra e a realidade é o simples fato de que Pedro Américo, o pintor, não estava presente quando foi proclamada a Independência do Brasil. Longe disso, ele sequer era nascido na época, e o quadro foi feito sob encomenda em 1888, mais de sessenta anos depois, para o Museu do Ipiranga, localizado na cidade de São Paulo.
O objetivo dele era, na verdade, representar o acontecimento de maneira épica, de forma a enaltecer a imagem de Dom Pedro I e seu heroísmo para com o povo brasileiro na situação. Sabendo disso, confira a seguir 5 elementos retratados de maneira imprecisa na pintura 'Independência ou Morte', de Pedro Américo:
Claro, não há bem uma forma de retratar que o primeiro imperador do Brasil sofria com problemas intestinais no dia da proclamação da Independência, em 7 de setembro de 1822, sem que o quadro perdesse o tom épico e se aproximasse de um grotesco.
Porém, uma informação que poucos sabem é que Dom Pedro I havia comido algo o fez passar mal no dia, além do fato de que estava voltando de uma longa e cansativa viagem. Assim, infelizmente um dos dias mais importantes da vida do primeiro imperador brasileiro foi marcado, também, por grande sofrimento com disenteria, como informado pela Radioagência Nacional.
No quadro de Pedro Américo, então, é possível observar Dom Pedro I acompanhado de incontáveis homens da guarda imperial, no momento em que proclamou a Independência do Brasil do reino de Portugal. No entanto, mesmo uma característica tão marcante e imponente assim da obra é diferente do acontecimento real.
Ao invés de dezenas de pessoas, o imperador estaria acompanhado de poucas pessoas — as comitivas geralmente tinham somente cerca de 14. Logo, a visão do 'grito da Independência' talvez não tenha sido assim tão imponente.
Não bastasse o grande número de pessoas presentes no evento ser diferente na pintura, a forma como estavam vestidos também. Dom Pedro I e os guardas não usaram fardas tão pomposas, mas sim roupas confortáveis e simples, novamente devido a longa viagem da qual voltavam.
As vestes representadas, além disso, só foram adotadas mais de cem anos depois, em 1926. Talvez a escolha na representação possa ser justificada pelas palavras de Pedro Américo: "A realidade inspira, e não escraviza o pintor", ou seja, ele queria apenas reproduzir o acontecimento, mas sem abandonar a beleza da arte.
Outra grande mística em torno do 'grito da Independência', retratado no quadro 'Independência ou Morte', de Pedro Américo, é que Dom Pedro estava às margens do rio Ipiranga quando realizou o grande feito. No entanto, até mesmo o local em que o fato histórico ocorreu não foi bem representado na obra.
Ao contrário do que muitos acreditam, não há confirmação de que tudo ocorreu exatamente às margens do rio Ipiranga, e a localização precisa ainda demanda de mais detalhes, até hoje. Em estudo, o engenheiro especializado em cartografia histórica Jorge Pimentel Cintra, ligado à Escola Politécnica e ao Museu do Ipiranga, sugeriu um novo ponto para esse evento histórico, em um estudo, após uma longa investigação.
Por fim, talvez a informação mais chocante de se descobrir ser um erro de representação no quadro de Pedro Américo, seja a de que nem Dom Pedro I, e nem seus companheiros de comitiva, estavam montados em belos e imponentes cavalos de raça.
Na verdade, tanto o imperador quanto seus companheiros estavam, todos, montados em mulas, visto que a viagem da qual voltavam — do litoral de São Paulo — era cansativa, e o animal era bastante forte e resistente, de forma a ser utilizado na época.
Com o objetivo de fornecer detalhes da viagem de 1.400 quilômetros que durou um mês, o historiador e autor Rodrigo Trespach lança sua mais nova obra 'Às margens do Ipiranga', que tem o selo Aventuras na História e Citadel.
Com relatos marcantes, a obra retrata a longa viagem que a comitiva de Pedro realizou até chegar no momento que entrou para os livros de História, exibindo retratos da época, costumes da população e a também situação sócio-política que o império brasileiro se encontrava naquele momento.