Pesquisa arqueológica sugere que Vikings faziam trocas comerciais com indígenas americanos muito antes das Grandes Navegações
Pesquisadores da Science Advances e da Universidade de Lund fizeram uma descoberta reveladora no último mês. Um estudo arqueológico analisou o DNA de presas de morsa de expedições viking, e concluiu que são provenientes do Alto Ártico, na região entre o Canadá e a Groenlândia. A descoberta foi divulgada pelo portal Archaeology News.
"Extraímos DNA de amostras de morsa recuperadas de uma ampla variedade de locais no Ártico do Atlântico Norte. Com essas informações, pudemos então correlacionar os perfis genéticos dos artefatos de morsa comercializados pelos nórdicos da Groenlândia para a Europa com áreas de caça muito específicas no Ártico", afirmou Morten Tange Olsen, professor associado no Instituto Globe de Copenhague.
Na Europa medieval, o marfim de morsa era uma mercadoria valiosa, cobiçada por seu uso na escultura e em itens de luxo. Os vikings são conhecidos por terem o comércio como sua principal fonte de sustento. Logo, acredita-se que o povo nórdico organizava grandes viagens marítimas muito antes do período das Navegações.
As expedições levaram os vikings até alguns assentamentos na região da Groenlândia e na costa da Islândia, onde eles caçavam as morsas para extrair e comercializar suas presas. O estudo acredita que o comércio marfim tenha atraído uma etnia em especial: os Thule Inuit.
Conforme repercutido pelo Archeology News, Peter Jordan, autor-sênior do estudo, comentou: “O que realmente nos surpreendeu foi que grande parte do marfim de morsa exportado de volta para a Europa era originário de áreas de caça muito remotas, localizadas nas profundezas do Alto Ártico”.
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A nova evidência sugere que os nórdicos viajaram até 6.000 quilômetros no Ártico. Embora não haja prova definitiva de comércio direto ou interação social entre os nórdicos e os Thule, a proximidade dos campos de caça das duas etnias leva a crer que eles se encontraram.
Há ainda a possibilidade dos vikings terem se encontrado com os Tuniit, um grupo indígena cujas interações sociais se sabe ainda menos. Contudo, a proximidade dos assentamentos sugere a possibilidade de trocas comerciais.
“Nossos resultados sugerem que a relação entre os povos nórdicos europeus e os povos indígenas do Ártico, particularmente a cultura Thule, era mais complexa do que se entendia anteriormente”, disse Emily Ruiz-Puerta, pesquisadora da Universidade de Copenhague.
O novo estudo propõe a existência de uma “Rota do Marfim do Ártico”, indicando o estabelecimento de relações comerciais entre América e Europa séculos antes da vinda de Colombo ao continente.