Durante escavação, arqueólogos encontraram esqueletos sob a célebre 'Tesouraria', em Petra, onde 'Indiana Jones e a Última Cruzada' foi filmado
Recentemente, arqueólogos desenterraram uma tumba de 2.000 anos sob a célebre 'Tesouraria' na curiosa cidade histórica de Petra, na Jordânia, revelando doze esqueletos em seu interior. Em árabe, a 'Tesouraria' é conhecida como 'Al-Khazneh', que se traduz como "a tesouraria do faraó".
Embora sua finalidade exata permaneça incerta, especula-se que tenha sido um mausoléu destinado ao rei nabateu Aretas IV Filopatris. O icônico local também ficou famoso por sua aparição no filme 'Indiana Jones e a Última Cruzada', de 1989, como cenário onde o 'Santo Graal' teria sido encontrado.
Durante as escavações, os arqueólogos identificaram fragmentos de cerâmica entre os restos mortais. Um dos esqueletos segurava um vaso cerâmico semelhante a um cálice, conforme comunicado da Universidade de St Andrews, na Escócia.
As análises dos sedimentos e materiais datam os sepultamentos entre meados do século I a.C. e o início do século II d.C., segundo Tim Kinnaird, pesquisador da Escola de Ciências da Terra e Ambientais da mesma universidade.
A identidade dos doze indivíduos ainda não foi estabelecida, e investigações sobre a tumba continuam em andamento. A descoberta ocorreu durante um trabalho de sensoriamento remoto conduzido por Richard Bates, geofísico da Universidade de St Andrews.
Bates destacou a importância internacional do achado, dado que raras sepulturas completas dos primeiros nabateus foram recuperadas em Petra. Ele enfatizou que esses sepultamentos podem esclarecer lacunas no conhecimento sobre a origem de Petra e a cultura nabateia.
Os nabateus prosperaram no sul da Jordânia há cerca de 2.000 anos. Suas rotas comerciais transformaram Petra em uma cidade majestosa com arquitetura impressionante. No entanto, o domínio romano sobre o reino nabateu no século II d.C. levou ao declínio de Petra, conforme documentado pelo Museu Americano de História Natural.
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Ao detectarem a presença da tumba, o Departamento de Antiguidades da Jordânia e o Centro Americano de Pesquisa Oriental elaboraram um plano de escavação, com apoio do Discovery Channel, que produziu um documentário exibido na série 'Escavação Desconhecida'.
Laurent Tholbecq, professor do Centro de Pesquisa em Arqueologia e Patrimônio da Universidade Livre de Bruxelas, afirmou que duas tumbas semelhantes foram escavadas nas proximidades há cerca de vinte anos. Ele acredita que essa nova descoberta pode ajudar a determinar a datação da própria 'Tesouraria', cuja origem tem sido amplamente debatida.
Lucy Wadeson, arqueóloga da Universidade de Edimburgo, elogiou o achado, destacando que poderá esclarecer as pouco conhecidas práticas funerárias dos nabateus. Com os restos humanos e artefatos descobertos em seus contextos originais, espera-se reconstruir os rituais fúnebres associados a essas magníficas tumbas.
Entretanto, Megan Perry, professora de antropologia na East Carolina University e experiente pesquisadora em Petra, considera que a descoberta foi supervalorizada. Ela ressaltou que uma tumba adjacente foi escavada em 2003 e que outras tumbas na região revelaram muito mais indivíduos. Perry observa que grande parte de Petra ainda permanece inexplorada e qualquer nova informação é bem-vinda desde que as melhores práticas sejam seguidas.