Equipe de cientistas foi capaz de despertar células fotorreceptoras retiradas de doadores de órgãos
Uma equipe de cientistas foi capaz de “ressuscitar” células nervosas fotorreceptoras de olhos de cadáveres, estabelecendo novamente a comunicação entre elas e permitindo que um “brilho de vida” momentâneo as tomasse.
Obtendo as células sensíveis a luz a partir de doadores de órgãos no Banco de Olhos do Lions de Utah, de San Diego e da sociedade de doadores de órgãos LifeSharing, nos Estados Unidos, o estudo reviveu os fotorreceptores, mas não os manteve em comunicação com outras células da retina.
“Em olhos obtidos até cinco horas após a morte de um doador de órgãos, essas células responderam à luz brilhante, luzes coloridas e até mesmo flashes de luz muito fracos”, explicou Fatima Abbas, principal autora do estudo, publicado na revista Nature.
Segundo os pesquisadores da Universidade de Utah e na Scripps Research, a capacidade de comunicação não foi mantida devido à privação de oxigênio, o que fez com que eles realizassem o mesmo experimento com olhos de doadores cujas mortes haviam acontecido há menos de 20 minutos.
Foi a partir daí que Frans Vinberg, cientista do Moran Eye Center, desenvolveu um aparato capaz de restaurar a oxigenação e nutrientes dos olhos dos cadáveres, além de outro que estimula a retina e mede a atividade elétrica das células, como reportou a revista Galileu.
Com as duas partes da pesquisa em conjunto, foi possível restaurar, pela primeira vez, o que eles chamaram de “onda b”, um sinal elétrico particular visto em olhos de pessoas vivas. A situação foi diferente de estudos anteriores, que conseguiram realizar o feito porém de maneira mais limitada.
“Conseguimos fazer as células da retina falarem umas com as outras, da mesma forma que fazem no olho vivo para mediar a visão humana”, explicou Vinberg. “A comunidade científica agora pode estudar a visão humana de maneiras que simplesmente não são possíveis com animais de laboratório”.
“Esperamos que isso motive as sociedades de doadores, doadores de órgãos e bancos de olhos, ajudando-os a entender as novas e empolgantes possibilidades que esse tipo de pesquisa oferece”, acrescentou.